Título: Esse filho eu não vou entregar, não
Autor: Mazzitelli, Fábio
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2011, Metrópole, p. C1

T. C. S. P., 31 anos, paulistana envolvida com o crack que foi mãe pela quinta vez

"Acabei de ser mãe do A.M., meu quinto filho. Os outros quatro cada um da família cuida, porque eu e meu marido nos envolvemos com o crack e essa droga é uma doença que não permite cuidar de uma criança. Mas esse filho não vou entregar, não. Vai ser diferente. Ele veio para mim como uma força, uma luz para que eu retomasse minha vida.

Estou junto do meu marido vai fazer 11 anos. Ele está preso, porque roubou por causa do crack. Quando o conheci, era um instrutor de asa-delta, a gente viajava muito, passeava. De repente, a gente entrou no crack, passou a viver naquelas pensões da cracolândia e quase acabou com cobertor na cabeça naquelas ruas feias. Infelizmente, você não enxerga e vai acontecendo isso com você.

Pedi apoio ao Amparo Maternal (casa de apoio a gestantes), fui muito bem ajudada e levada a tratamento. Faço as terapias e tenho me reorganizado mais. Agora, com o A.M., que está comigo, quero me manter limpa e trabalhar para me sentir útil e devagarzinho ir me organizando. Quando chegar a adolescência dos meus filhos, quero que vejam que me esforcei e estou ali para dividir a vida com eles. Sentem a minha falta. Eu percebo isso."