Título: Para agências de risco, dívida já está no limite
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2011, Economia, p. B1-4

Standard & Poor"s adverte que relação entre dívida e PIB dos EUA chega a 75% e pode levar ao rebaixamento do rating de crédito

Standard & Poor"s (S&P), uma das três mais importantes agências de classificação de risco do mundo, acredita que os Estados Unidos precisam evitar o crescimento da relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) para evitar um rebaixamento em seu rating de crédito. A declaração foi feita por Nikola Swann, analista da agência, durante uma entrevista.

Na noite de quinta-feira, a agência colocou a nota de crédito americana em revisão com possibilidade de rebaixamento, o que significa que os EUA correm o risco de perder a nota máxima de credibilidade e descerem para um patamar menor. Os Estados Unidos são classificados pela S&P com o rating AAA desde 1941. Na quarta-feira, outra agência de classificação de risco, a Moody""s, já havia colocado a nota americana em revisão para possível rebaixamento. A agência anunciou que o rating do país poderia ser rebaixado apenas um dia após o calote da dívida.

As agências de classificação de risco têm como ganha-pão a concessão de ratings - ou classificações - a empresas, governos ou qualquer entidade que emita títulos para serem negociados no mercado. Essas classificações são a opinião da agência sobre a capacidade do emissor desses títulos de honrar seus compromissos com os investidores.

Para o analista da S&P, a relação dívida/PIB dos EUA está chegando perto de 75% e pode chegar a 84% até 2013. "Se acharmos que na última semana de julho a probabilidade de haver um default dos EUA cresceu, podemos rebaixar o rating antes de eles efetivamente deixarem de fazer um pagamento", acrescentou Swann.

Segundo a agência, em 4 de agosto os EUA precisam fazer pagamentos relacionados a uma série de papéis comercializáveis da dívida do país. A falta de pagamento colocaria "imediatamente" o rating do governo americano em SD, ou default seletivo, tanto no curto quanto no longo prazo.

"Nossa ação não é simplesmente em função do atual debate sobre o teto do endividamento", disse Swann. "É um julgamento sobre onde as negociações políticas estão e até onde elas precisam ir antes de chegarem a um plano plurianual de consolidação fiscal de estabilização da dívida." Ele acrescentou que esse plano deve prever "no mínimo" uma redução de US$ 4 trilhões no déficit.

O acordo mais recente anunciado por lideranças do Congresso prevê cortes de US$ 1,5 trilhão. "Isso não está nem perto dos US$ 4 trilhões e esperamos rebaixar o rating dos EUA se o acordo final efetivamente for de US$ 1,5 trilhão", afirmou Swann.

Na sexta-feira, o presidente Barack Obama pediu que o Congresso americano apresente logo uma solução para a dívida do país. Ele quer que os congressistas definam o melhor plano possível para elevar o teto da dívida e o apresentem a ele. / DOW JONES NEWSWIRES

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