Título: Obama dá ultimato ao Congresso
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2011, Economia, p. B1-4

Presidente americano deu prazo de 36 horas para um acordo entre os parlamentares para elevar capacidade de endividamento do país

Pressionado pela China e pelas agências de classificação de risco, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deu ao Congresso americano prazo de 36 horas para um acordo sobre a elevação do teto da dívida pública e a redução de quase um terço de seu valor em dez anos.

Apesar do ultimato, Obama facilitou as negociações com um sinal de menor resistência em cortar gastos sociais. Ele afirmou não ver credibilidade no plano alternativo proposto pelo líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell. A proposta de McConnell prevê o aumento do atual teto da dívida - US$ 14,3 trilhões - em troca do compromisso da Casa Branca de eliminar US$ 2,4 trilhões em despesas públicas até 2023.

"Eu disse aos membros do Congresso que é preciso, nas próximas 24 a 36 horas, me dar uma noção do seu plano para aumentar o teto da dívida por meio de qualquer mecanismo a ser considerado e me mostrar um plano do que é preciso fazer para a redução do déficit fiscal e da dívida pública", afirmou. "Se eles me apresentarem um plano sério, eu estou pronto para ir adiante, mesmo que isso requeira decisões difíceis para mim."

Referindo-se ao prazo dado pelo Tesouro para o Congresso chegar a um acordo, até 2 de agosto, Obama alertou para o fato de todos os negociadores estarem "correndo contra o tempo". Sem o acordo, o Departamento de Tesouro terá de anunciar a suspensão de pagamentos. Obama recordou o compromisso dos envolvidos na negociação de não permitir que os EUA suspendam o pagamento de seus compromissos.

Nos últimos dias, o governo foi surpreendido pelo anúncio da agência de classificação de risco Moody"s de que rebaixará a nota da dívida americana - hoje no mais alto grau, o triplo A -, caso não haja um acordo até 2 de agosto. Sua concorrente Standard & Poor"s repetiu a advertência anteontem, quando o maior detentor de títulos americanos, o governo chinês, advertiu Washington sobre seu dever de proteger investidores.

"Ao contrário do que algumas pessoas dizem, nós não somos a Grécia, nós não somos Portugal", declarou, referindo-se aos dois países europeus também prestes a declarar moratória.

Como disse o presidente americano, a definição de um plano de longo prazo para equalizar a dívida pública e o déficit fiscal dará chance para os EUA estabilizarem suas finanças por 10 a 20 anos, "se formos sábios neste momento". Otimista, ele afirmou não ser necessário adotar nenhuma medida "radical" para atingir esse objetivo, como a proposta de emendar a Constituição em seu capítulo sobre o equilíbrio orçamentário. A raiz do problema, disse, está no corte de impostos, na institucionalização de programas de remédios para idosos, nas guerras do Iraque e do Afeganistão e na recessão iniciada em 2008.C