Título: Estamos no Titanic, afirma ministro italiano
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2011, Economia, p. B5

A Câmara de Deputados da Itália finalizou ontem a votação do plano de austeridade fiscal apresentado pelo governo Silvio Berlusconi, que prevê corte de gastos e aumento de receitas de ? 48 bilhões até 2014. A votação foi realizada um dia após a apreciação no Senado, indicando a disposição do Legislativo de colaborar para dirimir as dúvidas sobre a capacidade do país de honrar suas dívidas, estimadas em 120% do Produto Interno Bruto (PIB).

A nota chocante da votação foi a argumentação do ministro da Economia, Giulio Tremonti, que para defender o plano de rigor das críticas usou uma comparação polêmica.

"Nós estamos no Titanic. Se não fizermos nada, nem os passageiros de primeira classe vão se salvar", afirmou. "Hoje, a Europa está diante de seu destino: para se salvar, precisa da política, mais do que das finanças. E a política não pode errar neste momento."

Apesar de impactantes, as declarações fortes de ministros de Economia são costumeiras nas votações dos pacotes de rigor fiscal na Europa. Na Grécia, a primeira admissão pública de que a Grécia caminhava para o default (calote) foi feita pelo primeiro-ministro, George Papandreou, na última votação de um pacote desse tipo.

Cúpula. Os líderes da União Europeia fecharam enfim, ontem , um acordo sobre a realização de uma cúpula extraordinária para decidir sobre o novo resgate da Grécia. O encontro foi marcado para quinta-feira, em Bruxelas.

O objetivo oficial do evento é fechar as discussões sobre o pacote de cerca de ? 100 bilhões - o segundo do país, após ? 110 bilhões em maio de 2010.

O tema, porém, não é o mais importante da agenda, porque os recursos já estão definidos. As dúvidas pairam sobre a fórmula do resgate. A Alemanha defendia o reescalonamento da dívida, com default parcial da Grécia. A França preferia o alongamento dos prazos de pagamento pela contribuição voluntária dos maiores credores.

Sem acordo, a solução que vem sendo negociada é a recompra de títulos da dívida pela Grécia, financiada pelo Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef). / A.N. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS