Título: Cenário para reunião do Copom é de incertezas
Autor: Assis, Francisco Carlos de
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2011, Economia, p. B6

O ambiente de incertezas que nos últimos meses marcou a atitude moderada do Banco Central para definir a alta da taxa básica de juro se agravou e pode provocar mudanças no Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne na próxima semana. Esta não é a primeira vez que os diretores do BC enfrentam um quadro internacional indefinido e análises que sucumbem em poucas horas.

Mas a reunião será emblemática.

A nova Selic, que será anunciada na quarta-feira, atingirá seu potencial máximo de ação em janeiro de 2012, exatamente quando o salário mínimo será elevado em 14%, desencadeando aumento de preços, principalmente no setor de serviços, como ocorreu este ano.

Essa é a percepção de hoje. Até quarta-feira "muita coisa pode mudar", comentou uma fonte. Nos últimos dias, o cenário tem se alterado tão drasticamente, e para pior, que a declaração do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, dando a entender que haveria nova liberação de recursos para expandir a economia americana fez a diretoria do BC tremer. O mundo teria mais inflação e o Brasil, mais dólares. O nível de ansiedade se acomodou quando o próprio Bernanke corrigiu as expectativas e disse que a adoção de novas medidas não era "iminente".

Pelo sim, pelo não, o BC guardou o recado.

A situação está na lista de temas do Copom, na qual também figuram as preocupações com os alertas sobre as novas dificuldades na zona do euro. As informações que chegam de investidores estrangeiros não são boas. Tampouco os indicadores da economia doméstica dão a segurança necessária para o BC bancar que a inflação e a demanda estão sob controle e a economia crescendo no ritmo desejado.