Título: Mercado prevê mais 0,25 ponto na Selic
Autor: Assis, Francisco Carlos de
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2011, Economia, p. B6

Levantamento com 74 instituições do mercado financeiro indica quase unanimidade no resultado da reunião do Copom da próxima semana

A taxa básica de juros, a Selic, deverá ser aumentada em 0,25 ponto porcentual, para 12,5% ao ano, pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, na quarta-feira, dia 20. É o que indica o levantamento feito pelo serviço AE Projeções, da Agência Estado, com 74 instituições do mercado financeiro, das quais apenas uma, a Fundação dos Economiários Federais (Funcef), trabalha com estabilidade.

O levantamento confirma o resultado de uma consulta prévia com 35 casas na segunda-feira, que apontava de forma unânime para um ajuste de 0,25 ponto porcentual. Entretanto, entre o que os analistas acreditam que o Copom fará e o que eles acham que deveria fazer, existe grande diferença.

Muitos deles afirmam que, se tivessem direito a voto no Copom, considerando o alto nível da inflação dos serviços no acumulado de 12 meses (8,75%), elevariam o ritmo de aumento dos juros ou manteriam o gradualismo, com 0,25 ponto porcentual a cada reunião num período mais prolongado, desde que acompanhado de mais medidas macroprudenciais, incluindo novos aumentos do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de crédito e compulsório.

O que tem mantido as expectativas do mercado ancoradas em um aumento de apenas 0,25 ponto é mesmo a preferência sinalizada pelo BC por um aumento gradual da taxa de juros, ainda que por um "período suficientemente prolongado", como se pode ler em alguns documentos da própria autoridade monetária, para levar a inflação a convergir para o centro da meta, de 4,5%. Algumas declarações do presidente do BC, Alexandre Tombini, vão na mesma direção.

Previsões. Para o gerente de Análise Econômica e Riscos de Mercado do Banco Cooperativo Sicredi, Alexandre Barbosa, está claro, independentemente de ser ou não a decisão mais adequada, que o BC aumentará a taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual. Segundo ele, uma alternativa com impacto mais forte na economia seria uma alta de 0,50 ponto porcentual, que poderia trazer um efeito mais adequado na convergência da inflação de 2012 para a meta de 4,5%.

"O aumento de 0,25 ponto é consistente com o que o BC vem falando. Não é que achamos que deveria ser, mas é o que achamos que acontecerá", diz ele, que também aguarda outro ajuste de 0,25 ponto para o encontro de agosto do Copom.

Na Cruzeiro do Sul Corretora, a economista Márcia Dantas também projeta um ajuste de 0,25 ponto porcentual na reunião de julho, mas reforça o coro de que altas em nível um pouco maiores seriam mais recomendadas para a situação de atividade e inflação no País. Segundo ela, o BC nem deveria ter saído da rotina de ajustes de 0,50 ponto porcentual adotada nas reuniões de janeiro e março. "Eu já teria dado alta de 0,50 ponto lá atrás, quando eles decidiram mudar para 0,25 ponto", destaca Márcia, referindo-se à reunião de abril.

A Funcef é a única integrante do levantamento do AE Projeções que aguarda a manutenção da taxa básica de juros no nível atual de 12,25%. Para o economista da entidade Ângelo Afonso Lourenço Fraga, a decisão pela manutenção da Selic no Copom de julho está embasada na expectativa de que as medidas macroprudenciais deverão começar a surtir os efeitos esperados agora no segundo semestre.