Título: Após BRF, fila de decisões ainda é longa
Autor: Otta, Lu Aiko
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2011, Negócios, p. B15

Na lista do Cade estão fusões envolvendo Pão de Açúcar,Máquina de Vendas e as aéreas TAM e Gol

O fim da novela Sadia e Perdigão, garantido pelo acordo firmado entre a Brasil Foods (BRF) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) nesta semana, abriu espaço na prateleira de processos do órgão antitruste. A autarquia estava praticamente paralisada nos últimos 30 dias por conta do tenso acerto entre as partes. Mesmo assim, a lista de casos a serem julgados continua extensa e alguns processos prometem gerar novas polêmicas.

O que chama mais atenção é o número de fusões e aquisições no setor de varejo. Com a expansão da classe média, as companhias do segmento correram para formar conglomerados. O foco não está mais apenas na região Sudeste, o maior centro consumidor do Brasil. Os investidores têm em mente que é preciso expandir para outros polos e saíram às compras.

Com esse cenário, os próximos casos de grande porte que devem ser puxados da despensa do Cade são os que envolvem aquisições da rede Pão de Açúcar. Em junho de 2009, o grupo de Abilio Diniz - que recentemente se aventurou a negociar com o Carrefour no Brasil, numa empreitada que não surtiu efeito - comprou o Ponto Frio. Seis meses depois, arrematou outra grande rede de eletrodomésticos, a Casas Bahia.

Também no comércio, o Cade acaba de receber o parecer dos ministérios da Fazenda e da Justiça à favor da fusão entre Lojas Insinuante e Ricardo Eletro. Juntas, os varejistas criaram a Máquina de Vendas e passaram a atuar em todos os Estados brasileiros, com exceção da Região Sul. Há também as aquisições da Magazine Luíza, que também luta para manter-se relevante após a compra das Lojas Maia e do Baú da Felicidade.

No ar. O aumento do fluxo de passageiros e a perspectiva com a Copa e a Olimpíada impulsionam os negócios das companhias aéreas. O movimento de compras isoladas de empresas menores já vinha sendo sentido no Cade, mas agora TAM e Gol mostram que a concorrência é pra valer. Nos próximos dias, a Fazenda deve divulgar parecer sobre o negócio entre TAM e a chilena Lan - o caso também está sob avaliação das autoridades antitruste daquele país.

Há uma semana, a Gol informou que desembolsará R$ 96 milhões para controlar a Webjet, além de assumir as dívidas da companhia. O Cade não gostou de saber que a marca da empresa irá desaparecer e os dois lados vão assinar um acordo, que manterá tudo como está até que a aquisição tenha sido avaliada pela autarquia. Oficialmente, a aquisição chegará ao Conselho até o final do mês.

Entre os frigoríficos, a disputa está acirrada: em abril, a Fazenda sugeriu ao Cade que impusesse restrições à união entre Bertin e JBS. Em breve, deve sair também parecer a respeito da Marfrig e Seara.