Título: Na Petrobrás, a PLR dos sonhos dos trabalhadores
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/07/2011, Economia, p. B2

As federações de petroleiros (FNP e FUP) rejeitaram proposta da Petrobrás de pagar R$ 16,5 mil a cada funcionário a título de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), mais abono de R$ 3.080 - quase R$ 20 mil para cada um, no mínimo. A distribuição de R$ 1,4 bilhão pela Petrobrás é considerada pela FNP uma "afronta à categoria".

A FNP pleiteia a distribuição de uma PLR equivalente a 25% dos dividendos (de R$ 11,7 bilhões) pagos aos acionistas. Isso significa R$ 2,9 bilhões, quase o dobro do que a estatal quer pagar. Um exercício de aritmética mostra que os petroleiros pretendem receber mais de R$ 30 mil cada um a título de PLR. "Sem nova proposta, vamos à luta com greve nacional!", conclamou a FNP no editorial do boletim n.º 12, de meados do mês.

Aparentemente, não há limites às pretensões dos sindicalistas, que promoveram mobilizações parciais, nas últimas semanas, e prometem ampliar as paralisações se o pleito não for atendido. As paralisações começaram nas plataformas marítimas de Campos (RJ), do Espírito Santo, da Bahia, do Rio Grande do Norte e do Ceará, estendendo-se para algumas refinarias. A PLR dos níveis de gerência da estatal é superior ao piso e a FNP propõe que seja distribuído um valor igual para todos.

A PLR tornou-se uma fonte importante de rendimento para os trabalhadores de vários setores - por exemplo, automobilístico, bancos e estatais, como a Petrobrás. No setor privado, a maior PLR noticiada neste ano ocorreu na fábrica da Volvo, de R$ 15 mil por funcionário (foi de R$ 10,8 mil na General Motors e de R$ 11,5 mil na Volkswagen).

Reportagem de Francisco Carlos de Assis, no Estado de 11 de maio, estimou em R$ 6 bilhões o montante dos pagamentos a título de PLR que serão feitos neste ano. O montante corresponde a cerca de 40% do valor que será distribuído pelo governo a título de Bolsa-Família.

A PLR é um programa bem-sucedido de distribuição de renda, previsto na Constituição de 1988 e transformado em lei no governo Fernando Henrique Cardoso. Mas chama a atenção a diferença entre os valores distribuídos por algumas empresas, inclusive estatais, e o que distribuem as companhias em geral que adotaram, voluntariamente, a PLR.

Ao reivindicar o aumento da PLR, os sindicalistas da Petrobrás preferiram se referir a porcentuais, sem chamar a atenção dos demais trabalhadores para o elevado valor absoluto da PLR - proveniente de recursos que, em última forma, têm sua origem na venda de combustíveis.