Título: Partidos fecharam acordo, diz Obama
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/08/2011, Economia, p. B1-7

Presidente anunciou ontem à noite que líderes democratas e republicanos chegaram a um consenso para elevar teto da dívida e reduzir déficit fiscal

Pressionados pela abertura dos mercados asiáticos e pelo prazo curto demais, os líderes democratas e republicanos do Congresso dos Estados Unidos chegaram a um acordo sobre a elevação do limite de endividamento federal.

O compromisso ainda terá de passar pelo Senado e pela Câmara até a meia-noite de hoje, para evitar a suspensão de pagamentos do governo americano. Porém, foi antecipado na noite de ontem pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com a advertência de que o "trabalho ainda não está terminado".

"Temos um acordo. Este é o acordo que eu preferiria? Não", afirmou Obama. "O mais importante é que vai nos permitir evitar a suspensão de pagamentos e pôr um fim na crise que Washington imporia ao resto da América. Vai assegurar ainda que não enfrentaremos esse tipo de crise de novo em seis, oito ou doze meses. E começará a dispersar a nuvem da dívida e a nuvem da incerteza sobre a nossa economia."

O acordo foi parcial, em relação à proposta do Senado e da Câmara e às ambições da Casa Branca. A ideia original era de apresentar ao país e especialmente aos mercados um plano consistente de elevação do teto da dívida pública federal, hoje em US$ 14,3 trilhões, e também de redução significativa desse passivo e do déficit fiscal. O resultado será detalhado hoje às bancadas republicana e democrata antes de ir à votação.

"Minha mensagem para o mundo, nesta noite, é que esta nação e este Congresso estão indo adiante e juntos", afirmou o senador Harry Reid, líder da maioria democrata e principal articulador da solução de ontem.

Sinal. Conforme indicou Obama, o limite da dívida será elevado em US$ 900 bilhões, em troca do compromisso de redução de US$ 1 trilhão em gastos públicos nos próximos dez anos. Mas o pacote fiscal mais significativo, para permitir um ajuste de US$ 3 trilhões a US$ 4 trilhões até 2022, será concluído por um comitê bipartidário a partir de novembro. O acordo de ontem seria, assim, uma espécie de sinal.

Obama disse que abriu mão de princípios de seu governo e do Partido Democrata neste momento, para evitar a suspensão de pagamentos e seus impactos. Mas enfatizou que quer ver definido, até o fim do ano, "um compromisso equilibrado, no qual estejam presentes o aumento de tributos e a prevenção de cortes drásticos nos gastos sociais".

O acordo saiu após dois dias de tensas negociações e reviravoltas. No sábado de noite, certo de ter chegado a um acordo com os republicanos sobre sua proposta, o senador Harry Reid atrasou em 12 horas a votação no Senado, para às 13 horas (14h, horário de Brasília). Entretanto, o texto teve 41 votos a favor, quando precisava de 60, e foi desaprovado por 50 senadores. O fracasso levou a novas negociações, desta vez envolvendo também as lideranças na Câmara, para facilitar a fase seguinte de tramitação.