Título: Das três grandes, só Moody's indica rebaixamento
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2011, Economia, p. B1-5

S&P não se pronuncia e, em nota, Fitch avalia que EUA estão no caminho certo, mas há muito a ser feita para diminuir dívida

CORRESPONDENTE/ WASHINGTON

A aprovação do aumento do limite de endividamento federal dos Estados Unidos não foi suficiente, ontem, para acalmar os mercados nem para descartar um possível rebaixamento na avaliação de risco de crédito do país. A agência de classificação de risco Moody"s anunciou ter atribuído perspectiva negativa ao rating soberano dos EUA, atualmente em AAA, mesmo depois de o presidente Barack Obama ter conseguido evitar a suspensão de pagamentos dos compromissos federais.

Segundo a agência, as medidas são "um passo importante para atingir a consolidação fiscal no longo prazo e evitar um rebaixamento" na nota de crédito americana, mas afirmou que o rating ainda pode ser reduzido "se houver um enfraquecimento da disciplina fiscal no próximo ano, se medidas de consolidação fiscal não forem implementadas até 2013, se o prognóstico econômico sofrer deterioração significativa ou se houver um aumento apreciável no custo de financiamento do governo".

No início de julho, a Moody"s colocou o rating dos EUA em revisão para potencial rebaixamento. A agência disse que o plano aprovado pelo Congresso virtualmente elimina o risco de um calote. Por isso, o rating AAA foi mantido.

A agência Fitch afirmou em nota que pretende concluir a revisão do rating soberano dos EUA no final de agosto, acrescentando que o acordo aprovado pelo Congresso americano é um passo na direção certa, mas ainda precisarão ser feitas escolhas difíceis para diminuir o buraco nas contas públicas.

"O aumento no teto da dívida e o acordo sobre os parâmetros gerais do plano de redução no déficit dão suporte à perspectiva da Fitch, de que apesar da intensidade e do teatro de discurso político nos EUA, há desejo político e capacidade para, no fim das contas, ser feita a coisa certa. Na opinião da Fitch, o acordo é um primeiro passo importante, mas não o fim do processo que levará a um plano confiável para reduzir o déficit orçamentário a um nível que garanta o rating AAA dos EUA no médio prazo", disse a agência.

A agência afirmou também que "os fundamentos econômicos e financeiros que dão suporte ao rating AAA dos EUA ainda são fortes". No início de junho, a Fitch também havia alertado que o rating dos EUA seria colocado em observação para potencial rebaixamento.

Por sua vez, a terceira grande agência de risco, a Standard & Poor"s não se pronunciou sobre uma eventual mudança na nota AAA dos Estados Unidos. A S&P havia anunciado a intenção de rebaixar a avaliação americana se o esforço fiscal, até 2022, envolvesse menos de US$ 4 trilhões. O Senado americano consagrou um ajuste de US$ 2,2 trilhões.

Na China, a agência de classificação Dagong Global Credit Rating rebaixou o rating de crédito soberano dos EUA de A+ para A. A perspectiva é negativa. Segundo comunicado da Dagong citado pela agência estatal Xinhua, a decisão do Congresso não muda o fato de a dívida dos EUA estar crescendo mais rapidamente do que a economia e do que a arrecadação de impostos, o que deverá levar a um declínio na capacidade de pagamento do país.

Dúvida. Antes da votação no Senado, o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, afirmara "não estar seguro" de que o acordo bipartidário pudesse evitar o rebaixamento da avaliação da dívida americana, hoje com a nota máxima de AAA. / D.C.M.COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS