Título: Obama sanciona lei da dívida dos EUA e pede ações para estimular a economia
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2011, Economia, p. B1-5

Os Estados Unidos escaparam da primeira suspensão de pagamentos de sua história, ontem, com a aprovação do Senado ao aumento imediato de US$ 900 bilhões no teto da dívida federal, hoje em US$ 14,3 trilhões. A nova lei foi sancionada na tarde de ontem pelo presidente americano, Barack Obama, dez horas antes do prazo final fixado pelo Departamento do Tesouro.

"Esse foi um importante passo para assegurar que a Nação pode viver com os seus meios", afirmou Obama, ao destacar a necessidade, agora, de empenho dos políticos de Washington na conclusão das medidas fiscais em novembro e nos desafios de acelerar o crescimento da economia e de gerar empregos.

"Entretanto, esse é apenas o primeiro passo. Esse compromisso requer que ambos os partidos trabalhem juntos em um plano maior para reduzir o déficit, o que é importante para a saúde de nossa economia em longo prazo", completou.

O acordo deixou em aberto a maior parte do esforço fiscal necessário para o país recuperar a confiança dos agentes econômicos. Os mercados reagiram com nervosismo, e os principais índices das bolsas de valores americanas fecharam em queda: Dow Jones recuou 2,19% e Nasdaq caiu 2,75%. Em São Paulo, a Bovespa caiu 2,09%, ao menor nível desde 4 de setembro de 2009. E a ameaça de rebaixamento da nota de risco da dívida americana continua, disse o secretário do Tesouro, Timothy Geithner.

Apesar do destaque de Obama, em seu discurso, aos projetos para criar empregos e estimular a economia, estudos divulgados pela maior central sindical do país, a AFL-CIO, apontaram o aumento do desemprego com a nova lei.

Batalha. A aprovação do acordo pelo plenário do Senado, com 74 votos a favor e 26 contra, pôs fim a uma das batalhas mais duras no Congresso americano. Resultado de tensas negociações no Congresso, o acordo prevê o aumento de US$ 2,4 trilhões no limite de endividamento federal. O valor é considerado pelo governo suficiente para evitar uma nova crise até o fim de 2012, ano de eleição presidencial.

Desse total, apenas US$ 900 bilhões serão adicionados imediatamente ao teto da dívida. O restante estará sujeito a um "supercomitê" bipartidário e a um gatilho - cada dólar cortado dos gastos resultará em um dólar a mais no teto da dívida.

A maior parte do ajuste fiscal de US$ 2,2 trilhões também será feita em duas etapas. A primeira prevê corte de US$ 1 trilhão nas despesas correntes. O mesmo supercomitê será encarregado de compor o pacote fiscal de US$ 1,2 trilhão até o início de novembro. Ontem, Obama retomou sua pressão para o fim dos benefícios tributários aos americanos mais ricos, à classe média e às grandes empresas, cujo custo ao erário alcança US$ 1 trilhão. C

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