Título: Indústria cai e analistas veem PIB menor
Autor: Dantas, Iuri ; Edna Simão
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2011, Economia, p. B7

Produção recuou 1,6% em junho ante maio, tombo foi maior do que o previsto pelo mercado; no semestre, setor cresceu apenas 1,7%

A produção da indústria brasileira recuou 1,6% em junho, na comparação com maio, segundo a Pesquisa Industrial Mensal, dolo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O tombo foi ainda maior do que o previsto pelo mercado, o que aumentou a expectativa pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, e reforçou a previsão de um PIB menor no segundo trimestre.

"O dado da produção foi muito fraco e deve sacramentar a manutenção da Selic em 12,50% no próximo encontro (do Comitê de Política Monetária do Banco Central), diante da conjuntura de indicadores domésticos e externos", comentou Paulo Petrassi, da Leme Investimentos.

A redução da demanda interna e a entrada de produtos importados explicam o resultado pífio da indústria. Segundo André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, houve o impacto das medidas do governo para conter o consumo e desaquecer a economia.

"Houve diminuição da demanda interna, com a redução do prazo do financiamento e encarecimento do crédito. Mas há também maior penetração de produtos importados, que acabam substituindo a produção local e aumentando o estoque de alguns setores", explicou Macedo.

Todas as categorias de uso da indústria registraram perdas em junho. O recuo na produção alcançou 20 dos 27 ramos pesquisados. Macedo apontou o setor de refino de petróleo e álcool como a principal perda em junho (-8,9%), puxada pela paralisação de algu.

Também houve perdas consideráveis nos setores produtos de metal, veículos automotores, alimentos, máquinas para escritório e equipamentos de informática, máquinas e equipamentos e metalurgia básica.

Os ramos siderúrgico e automotivo, por exemplo, estão com os estoques acima do normal. Em junho frente a maio houve queda (-1,4%) na produção de veículos automotores,

Semestre lento. No primeiro semestre, o avanço na produção foi de apenas 1,7%. No acumulado de 12 meses, a produção registrou alta, de 3,7%, mas manteve a desaceleração que começou em outubro do ano passado, quando a variação foi de 11,8%.

O economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria Integrada, diz que o resultado reforça a expectativa por um PIB um pouco mais moderado do que o observado no primeiro trimestre, quando teve crescimento de 1,3%. "Nossa projeção atual está em 1,1%, no dado com ajuste sazonal", contou Bacciotti.

A CM Capital Markets já revisou a projeção de crescimento do País, tanto para o trimestre, quanto para 2011. A projeção da corretora para o PIB do segundo trimestre caiu de 1,0% para 0,8% e, para o ano, de 4,0% para 3,9%, informou em nota o estrategista-chefe da instituição, Luciano Rostagno. / COLABORARAM DENISE ABARCA, FLAVIO LEONEL E PATRICIA LARA