Título: Mediação do Brasil é vista com ceticismo
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2011, Internacional, p. A11

A missão planejada por autoridades do Brasil, Índia e África do Sul para dialogar nas próximas duas semanas com Bashar Assad e pressioná-lo a conter a violência é vista com ceticismo pelos EUA e outras potências ocidentais. A secretária de Estado Hillary Clinton disse ontem e diplomatas afirmaram ao Estado, que o ideal seria usar o Conselho de Segurança da ONU para pressionar o regime de Damasco.

Há também o temor de que Assad use mais uma vez o Brasil como arma na sua guerra de propaganda. Há algumas semanas, a imprensa pró-regime em Damasco deu destaque a afirmações do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, dizendo que existe intenção de reformas por parte do governo sírio, omitindo as críticas do chanceler brasileiro à violência no país. Há ainda uma relutância dos membros permanentes do CS em ver o Brasil como ator global, tentando participar de negociações com a Síria agora e com o Irã, no ano passado. Os brasileiros seriam bons para crises na América Latina. Para o Oriente Médio, as potências ocidentais acham mais relevante o papel da Turquia, atualmente fora do CS, mas ativa na crise síria.