Título: UE amplia sanções e cresce rechaço a ataques em Hama
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2011, Internacional, p. A11

Grã-Bretanha pede que países árabes condenem ataques a opositores; Rússia e Turquia reprovam a violência do regime de Bashar Assad

CORRESPONDENTE / PARIS

A União Europeia anunciou ontem, em Bruxelas, o endurecimento das sanções contra a Síria em razão da nova onda de violência e de repressão contra os opositores do regime do presidente Bashar Assad. Cinco comandantes das Forças Armadas sírias terão seus bens congelados e um embargo de venda de armas foi decretado. Ontem, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Rússia e Turquia reprovaram duramente o massacre de dissidentes na cidade de Hama.

As novas sanções foram anunciadas ontem pela chanceler da UE, Catherine Ashton. Entre as medidas está o congelamento de propriedades e contas bancárias de cinco importantes membros do Exército - cujos nomes serão divulgados hoje. Quatro instituições sírias também entrarão na lista negra. Além disso, um embargo sobre a venda de armas foi imposto pela Europa. Ao todo, 35 pessoas, entre as quais o próprio Assad, já são alvo das represálias europeias, que se somam às três rodadas de sanções anteriores, anunciadas desde o início da repressão, que já teria matado 1,6 mil pessoas.

Segundo o porta-voz da chancelaria europeia, Michael Mann, as medidas são necessárias porque "há risco de escalada das tensões". Mann disse que a UE está pronta para apertar ainda mais o cerco às finanças dos líderes do regime sírio, caso a repressão continue. "Vamos insistir nessa política", afirmou.

Ontem, os protestos contra a violência se multiplicaram nas principais capitais da UE. Em Paris, o Palácio do Eliseu definiu a ofensiva como "um novo agravamento da repressão" e deu sinais de que intensificará as negociações pela aprovação de uma resolução na ONU. "Todos os responsáveis devem saber, agora mais do que nunca, que deverão prestar contas de seus atos", afirmou Valérie Pécresse, porta-voz do governo.

Em Londres, o chanceler William Hague foi ainda mais duro. "Queremos uma pressão internacional mais forte. E não deve apenas ser uma pressão do Ocidente, mas também dos árabes, inclusive da Turquia", disse. Horas depois, o governo turco respondeu, se dizendo "decepcionado e triste" pela violência. "Nós condenamos o ataque", afirmou o chanceler Ahmet Davutoglu.

A Rússia, que bloqueia as resoluções no Conselho de Segurança da ONU contra a Síria, também demonstrou insatisfação. "O uso da força contra civis e representantes de estruturas do Estado é inadmissível", afirmou o chanceler Serguei Lavrov.