Título: Soldados egípcios retiram ativistas de praça do Cairo
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2011, Internacional, p. A11

Maioria já tinha saído no fim de semana em razão do Ramadã; os que ainda ocupavam o local exigiam condenação de Mubarak

Soldados egípcios, apoiados por carros blindados e centenas de policiais, retiraram ontem os últimos manifestantes que permaneciam acampados na Praça Tahrir, no Cairo. Eles pediam justiça para as vítimas dos protestos que depuseram o presidente Hosni Mubarak, em fevereiro, e reformas mais rápidas por parte do Exército, atualmente no poder. No fim de semana, a maioria dos ativistas já havia encerrado a manifestação que durou três semanas.

Usando cassetetes e disparando para o ar, as forças de segurança egípcias destruíram várias barracas e esvaziaram a praça em poucos minutos. A ação ocorreu dois dias antes de Mubarak começar a ser julgado por sua participação na morte de manifestantes durante os protestos de fevereiro.

Mubarak, que está internado com problemas cardíacos desde abril no balneário de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, assinou uma intimação judicial para participar do julgamento de amanhã, no Cairo, que será transmitido pela TV. Ainda não se sabe, contudo, se o ex-presidente comparecerá ou se seus advogados alegarão problemas de saúde para retardar o processo.

Pena de morte. Líderes da oposição desconfiam que os poucos aliados de Mubarak estejam mentindo sobre seu estado de saúde para evitar o julgamento. O ex-presidente, seu chefe de segurança e outros seis comandantes policiais podem ser condenados à morte pelo uso de força letal contra os manifestantes - cerca de 850 pessoas morreram durante os protestos.

Ontem, alguns moradores do Cairo aplaudiram quando os carros e ônibus começaram a passar pela Praça Tahrir, que até então estava bloqueada para o tráfego, o que irritou muitos egípcios que estão cansados dos protestos que complicam o cotidiano e prejudicam a economia do país.

No domingo, 26 grupos de dissidentes haviam concordado em encerrar os protestos durante o Ramadã - que começou ontem. No entanto, alguns poucos manifestantes, a maioria parentes de vítimas dos protestos de fevereiro, insistiram em acampar na praça e acabaram removidos à força. / REUTERS e AP