Título: Atividade industrial ruim eleva tensão
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2011, Economia, p. B1

Indicador dos EUA fechou julho com 50,9 pontos, o menor nível desde junho de 2009; abaixo de 50 pontos indica contração no setor

O acordo entre os líderes do Congresso dos Estados Unidos para evitar a suspensão de pagamentos federais, a partir de hoje, não foi suficiente para garantir uma jornada tranquila no mercado acionário e foi ofuscado pela divulgação de dados econômicos ruins.

Os principais índices das bolsas de valores americanas fecharam em queda, diante da divulgação do recuo de 4,4 pontos no indicador da produção industrial americano em julho e da ameaça ainda presente de rebaixamento da avaliação de risco da dívida do país.

Na noite de domingo, o presidente americano, Barack Obama antecipou a conclusão de um acordo entre os líderes republicanos e democratas do Congresso sobre o aumento do limite de endividamento federal. A iniciativa teve o objetivo de diminuir a ansiedade e possível pessimismo na abertura das bolsas de valores asiáticas, poucas horas depois. O índice Nikkei, da bolsa de futuros de Tóquio, fechou com alta de 1,3%, assim com o MSCI Asia Pacific, com 1,4%. As outras principais bolsas asiáticas também apresentaram ganhos.

Nos EUA, entretanto, os mercados abriram em alta, mas reverteram os sinais no fim da manhã, dadas as incertezas ainda sobre a tramitação do acordo bipartidário na Câmara dos Deputados e o relatório sobre a atividade industrial de julho do Instituto para a Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês).

O indicador fechou em 50,9 pontos em julho, uma queda de 4,4 pontos na comparação com os 55,4 pontos o de junho, o menor nível desde junho de 2009. A expansão do setor continuou, pelo 24.º mês consecutivo. Porém, o ritmo caiu, e 7 dos 18 segmentos avaliados tiveram desempenho negativo - vestuário, produtos de plásticos e de borracha; máquinas têxteis, equipamentos elétricos, eletrodomésticos e componentes; alimentos, bebidas e tabaco; maquinaria e produtos químicos.

Economistas esperavam uma leitura de 54,9 pontos (qualquer número abaixo de 50 indica contração no setor manufatureiro).

Segundo Thomas Simons, da corretora Jefferies & Co, os números do ISM de julho indicaram a possibilidade de quedas mais acentuadas na atividade industrial nos próximos meses, especialmente por causa da contração da produção de componentes industriais.

Quase estagnada. A economia dos EUA ficou quase estagnada no primeiro semestre, segundo dados do governo divulgados na sexta-feira, com a produção crescendo a uma morna taxa anual de 1,3% no segundo trimestre, após avançar apenas 0,4% no período anterior.

O relatório do setor manufatureiro sugere que a tão esperada recuperação do crescimento no segundo semestre será provavelmente frágil.

Outro relatório, do Departamento de Comércio, mostrou que o gasto com construção nos EUA aumentou 0,2%, para uma taxa anual de US$ 772,32 bilhões. O total de maio foi revisado de um declínio de 0,6% para um acréscimo de 0,3%. Economistas previam estabilidade para junho. A construção recuou 4,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS