Título: Câmara dos EUA aprova o acordo
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2011, Economia, p. B1

Por 269 votos a 161, deputados aprovaram ontem à noite proposta bipartidária de consenso para elevar o teto da dívida; Senado vota hoje

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou na noite de ontem, por 269 votos a 161, o acordo para elevar o limite da dívida federal, hoje em US$ 14,3 trilhões, e evitar a suspensão de pagamentos federais. O projeto seguiu para o Senado, onde será votado hoje, e os 60 votos para sua aprovação estavam garantidos pelas lideranças dos Partidos Democrata e Republicano.

O resultado positivo saiu ao fim de um dia de tensão e de rebeldia entre os deputados do baixo clero, contrariado com o projeto. Entre o anúncio do acordo das lideranças e a votação na Câmara se passaram 22 horas. O adiamento da votação na Câmara para hoje chegou a ser considerado, mesmo sendo o prazo final definido pelo Tesouro.

"O pessoal da direita está contrariado. O pessoal da esquerda está contrariado. O pessoal do centro está contrariado", resumiu o senador Harry Reid, líder da maioria democrata. "Mas é um acordo extraordinário, que protegerá a nossa economia em longo prazo."

A poderosa Câmara de Comércio dos EUA pediu a aprovação urgente do acordo como "um passo na direção certa". A também poderosa AFL-CIO, maior central sindical do país, fez pressão contrária. "O acordo será devastador, especialmente para a classe trabalhadora. Deprimirá ainda mais a nossa economia e tornará mais difícil, senão impossível, resolver a verdadeira crise", afirmou Richard Trumka, presidente da AFL-CIO.

Votos. O esforço para coletar os 216 votos necessários na Câmara mobilizou, do lado democrata, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, um veterano do Congresso. Deputados democratas da ala liberal mostravam-se perplexos com as concessões da Casa Branca e de seus líderes no Congresso, como a preservação do corte de impostos para americanos mais ricos e para grandes empresas e o peso do ajuste fiscal sobre a classe média.

A líder da minoria democrata na Câmara, Nancy Pelosi, chegou a evocar o risco de colapso econômico. Do lado republicano, o presidente da Câmara, John Boehner, insistiu com sua bancada que os objetivos do partido foram alcançados- a ausência de medidas tributárias e o corte de despesas maior que o aumento do teto da dívida federal. Mas o baixo clero do partido, especialmente o Tea Party, mostrava-se insatisfeito.

O Escritório de Orçamento do Congresso estimou o esforço fiscal envolvido no projeto de lei em US$ 2,1 trilhões nos próximos dez anos. De imediato, o teto do endividamento federal, hoje de US$ 14,3 trilhões, seria elevado em US$ 900 bilhões, sob o compromisso do governo federal de cortar despesas públicas em US$ 1 trilhão até 2022.

O restante será definido por um comitê bipartidário, a partir de novembro. Segundo o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, Obama continuará a pressionar para elevar a receita tributária.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 02/08/2011 01:16