Título: Itaú fecha acordo e vira líder em gestão de fortuna no Chile
Autor: Oscar, Naiana
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2011, Economia, p. B6

Joint venture com o MCC, um dos maiores bancos do mercado chileno, nasce com uma carteira de ativos de US$ 2 bilhões

SÃO PAULO - Em linha com sua estratégia de internacionalização, o Itaú assinou nesta segunda-feira, 1º, um acordo para criação de uma joint venture com um dos maiores bancos chilenos, o Munita, Cruzat & Claro (MCC). A parceria foi feita com o objetivo de desenvolver a gestão de patrimônio no Chile, com operações de private banking - serviço prestado timidamente pelo branco brasileiro naquele país.Com a joint venture o Itaú vira líder na administrações de fortunas no mercado chileno.

O Itaú está no Chile desde 2006, quando comprou o BankBoston local (ver ao lado). De lá para cá, manteve uma atuação voltada para o varejo e com uma carteira relativamente pequena de clientes com alta renda, alvos do private banking. Com a sociedade, o banco une os US$ 300 milhões que tinha sob gestão com o US$ 1,7 bilhão do parceiro chileno.

"Com a sociedade, aumentamos a carteira de clientes hispânicos em 25%", disse João Medeiros, diretor do Itaú Private Bank International. "Os clientes chilenos passam a representar um terço da nossa carteira na América Latina, encostando nos argentinos, que até então tinham a participação mais relevante, depois do Brasil."

Medeiros acredita que, em três ou quatro anos, é possível dobrar a carteira de ativos no Chile, chegando aos US$ 2 bilhões. Entre os fatores que levaram o Itaú a apostar no país vizinho, além da oportunidade, está o potencial de crescimento da economia chilena, que tem dado saltos de 6% ao ano. "É um mercado que tem condições muito favoráveis, com crescimento sustentável e um ciclo de criação de riquezas estável", diz Medeiros. "Com riqueza acumulada, temos investidores em busca de oportunidade de investimento."

A parceria promete também facilitar o acesso de investidores chilenos ao País. "A sociedade nos amplia a oportunidade de oferecer produtos mundiais e especialmente do Brasil, que é o país dos Brics com maior potencial", diz Alberto Munita, um dos sócios fundadores do MCC. O banco, especializado em gestão de patrimônio, tem 28 anos de atuação.

Marca. As partes não divulgaram suas participações no negócio mas disseram que os sócios da instituição chilena continuarão à frente da operação. O Itaú terá um representante no conselho de administração da joint venture, que atuará sob a bandeira do MCC. As negociações em torno dessa sociedade começaram há um ano e foram concluídas ontem, com a assinatura do acordo, no Chile.

Na América Latina, o Itaú também está presente na Argentina, no Paraguai e no Uruguai. O banco é líder em private banking no continente, com mais de US$ 80 bilhões de ativos sob gestão.

Com atuação em 21 países nas Américas do Sul e do Norte, na Europa, no Oriente Médio e na Ásia, o banco brasileiro está desde 2006 com uma forte estratégia de internacionalização, por meio de aquisições e, principalmente, crescimento orgânico. "Nós achamos que temos oportunidade de originar negócios. Queremos crescer aproveitando nossa presença nesses mercados locais e algumas oportunidades. O foco, no entanto, continua sendo o Brasil", diz João Medeiros.