Título: Importação de derivados pode subir de 5% para 40%
Autor: Milanese, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2011, Economia, p. B9

O presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, defende em Londres mais investimentos em refinarias para evitar dependências do exterior

Se a Petrobrás não investir em refinarias, a fatia da importação de derivados pelo Brasil passará dos atuais 5% para 40%, afirmou ontem, em Londres, o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli. Em entrevista coletiva depois de apresentar para investidores o plano estratégico da estatal para 2011 a 2015, ele defendeu a decisão da empresa de fazer aportes e elevar a capacidade do setor, apesar dos questionamentos sobre a rentabilidade da área.

"Nenhuma grande empresa se mataria e deixaria de fazer (o investimento)", disse. Gabrielli reiterou que a companhia vai importar mais gasolina no segundo semestre deste ano do que nos primeiros seis meses de 2011, em razão do aumento da demanda no Brasil. No primeiro semestre, a estatal importou o equivalente a três dias de consumo, número que será elevado até o fim do ano. Gabrielli não especificou o volume que deve ser comprado.

Na apresentação do plano a investidores, o diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, afirmou que a empresa precisará levantar entre US$ 7 bilhões e US$ 12 bilhões por ano no mercado para financiamento. Segundo ele, isso não será feito por meio da emissão de ações, e sim pela colocação de dívida, de forma a atender o novo plano de investimentos anunciado na semana passada.

Barbassa destacou que o mercado no Brasil cresce mais rápido do que o esperado. "A indústria está avançando muito, somos o principal fornecedor desse mercado e o Brasil é o melhor lugar para vendermos nossos produtos". Ele disse que pela primeira vez a Petrobrás fará desinvestimentos de US$ 13,6 bilhões em ativos.

Crescimento. Gabrielli afirmou que a Petrobrás poderá se tornar a maior produtora de petróleo do mundo. Ele destacou que a estatal está crescendo mais rápido do que as estrangeiras, como Shell, Chevron, Gazprom, Eni, Total, entre outras citadas. Ele citou a possibilidade de a Petrobrás superar o tamanho das concorrentes entre 2016 e 2017. "Nós temos os recursos para isso; possuímos entre 30 bilhões e 40 bilhões de barris em reservas para desenvolver hoje, não amanhã", disse Gabrielli. Ele afirmou também que os resultados obtidos no pré-sal são melhores do que o esperado. Segundo ele, todo o desempenho obtido até agora nos projetos é "muito bom" e ainda foram feitas novas descobertas, por isso o plano de investimentos foi ajustado.

Segundo Gabrielli, dos US$ 224,7 bilhões anunciados na semana passada, US$ 32,2 bilhões serão aplicados em novos projetos, principalmente em exploração no pré-sal.

Gabrielli afirmou ainda que a política de preços da empresa será de longo prazo. A empresa não pode manter os preços desconectados do mercado internacional por muito tempo, disse, porque isso incentivaria exportações ou importações de derivados, dependendo da circunstância. C