Título: Para baixar iene, Japão intervém no câmbio
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/08/2011, Economia, p. B1/3

Operadores calculam que o país gastou pelo menos US$ 12,59 bilhões para tentar conter trajetória ascendente da moeda

TÓQUIO

O Japão interveio no câmbio ontem lançando uma campanha de venda da moeda lastreada em até 10 trilhões de ienes (US$ 125,913 bilhões) em medidas de afrouxamento do banco central. Segundo as autoridades japonesas, as medidas são necessárias para conter a especulação do mercado que ameaça a frágil recuperação econômica do país.

Enquanto os mercados de câmbio fechavam na Ásia e abriam na Europa, operadores em Tóquio estimavam que o Japão tenha gastado pelo menos 1 trilhão de ienes (US$ 12,59 bilhões). Mesmo com a injeção de dinheiro nos mercados, os analistas e traders disseram que não há nenhuma certeza de que as autoridades consigam desviar o iene de sua trajetória ascendente.

O governo japonês interveio no mercado às 22h (de Brasília) e o dólar saltou de 77,13 ienes para 78,20 ienes, enquanto o euro subia de 110,72 ienes para 111,80 ienes. O governo do Japão continuou a vender ienes durante a manhã asiática, puxando o dólar para 79,15 ienes. Por volta das 6h17 (de Brasília), o dólar era cotado a 79,81.

O ministro das Finanças, Yoshihiko Noda, disse em entrevista coletiva convocada às pressas que a medida interrompeu os movimentos excessivos e especulativos do iene. Apesar de ter falado recentemente em cooperação global, Noda disse que o Japão agiu sozinho. Observadores do mercado previram uma longa campanha de intervenção.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, se mostrou insatisfeito com a intervenção no câmbio feita pelo Japão. Em entrevista após a decisão do BCE de manter as taxas de juros, Trichet disse que intervenções precisam ser feitas de forma multilateral. O comentário de Trichet foi feito depois de uma fonte afirmar à Dow Jones que os EUA não apoiaram a decisão do Japão.

Ontem o presidente do Banco Nacional da Suíça, Philipp Hildebrand, disse que está disposto e capacitado a tomar todas as medidas necessárias para conter a valorização do franco suíço. Segundo ele, a "sobrevalorização absurda" do franco suíço traz o risco de provocar uma desaceleração acentuada do crescimento econômico da Suíça e também de causar deflação.

Na Turquia, o banco central cortou inesperadamente a taxa de juro para uma nova mínima histórica e provocou uma queda de cerca de 2% do valor da lira turca, que operou próximo de sua menor cotação em dois anos. / DOW JONES NEWSWIRES