Título: Cientista defende maior vigilância
Autor: Gonçalves, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2011, Vida, p. A13

"O Brasil não tem registro de casos de febre do Nilo Ocidental em humanos. O sistema de vigilância, no entanto, mantém acompanhamento constante", afirma Ricardo Pio Marins, coordenador da Vigilância de Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde.

"Toda suspeita deve ser avisada em até 24 horas à secretaria municipal de Saúde, por telefone e pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação", aponta Marins. "A notificação também é obrigatória para morte de aves silvestres e equinos."

Alex Pauvolid-Corrêa, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz), afirma que "em função da relevância epidemiológica observada nos EUA, o sistema de vigilância para a doença no Brasil precisaria ser intensificado".

Laboratórios de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) para meningite viral e viroses transmitidas por insetos deveriam ser capacitados para identificar o vírus em amostras humanas, aponta Corrêa.

Centros de análise credenciados no Ministério da Agricultura fariam o mesmo com amostras animais. A doença causou prejuízos em haras nos EUA. Já há uma vacina disponível para equinos, mas ainda não é usada no País.

Convém identificar o vírus antes de sua eventual entrada nos centros urbanos, afirma Tatiana Ometto, da USP. "O que vemos agora é parecido com o início da atividade do vírus da febre do Nilo Ocidental no México", recorda. "Mas é impossível prever como será a evolução no Brasil."

Luiz Tadeu Figueiredo, da USP de Ribeirão Preto, coautor do estudo recém-publicado, afirma que já há indícios de atividade em outras regiões, como Sudeste e Nordeste. "Provavelmente, algumas pessoas tiveram contato com o vírus", afirma.

Mas é otimista quanto à evolução da doença. "A febre do Nilo Ocidental causou estrago nos EUA, pois eles não tinham nenhum outro flavivírus transmitido por mosquito", explica Figueiredo. "Aqui, temos a dengue e a febre amarela. Há alguma proteção cruzada. Creio que haverá menos casos graves."