Título: Enquanto isso, líderes estão de férias
Autor: Chade, Jamil ; Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2011, Economia, p. B1

Analistas de mercado, oposição, a imprensa e o cidadão comum estão surpresos

Jean-Paul Pelissier/ReutersCameron toma café na Toscana, Itália Os mercados desabam e Europa e Estados Unidos já temem uma nova recessão. Nos últimos dias, a crise obrigou chefes de governos e políticos a multiplicar ligações telefônicas, teleconferências e contatos para tentar coordenar uma posição comum. Mas o que chama a atenção de analistas, da imprensa europeia, de partidos de oposição e até do cidadão comum é que, ainda assim, os principais líderes optaram por não abandonar suas férias.

"Não há uma liderança. Não se sabe quem está no comando", criticou o ex-presidente da Comissão Europeia Romano Prodi.

Agosto é o mês tradicional de férias na Europa. Parlamentos param e decisões são adiadas para setembro. Agora, descobriram que o mercado não entra de férias.

Mesmo com o pior resultado da bolsa de Paris em três anos e do risco país da França atingir recorde, o presidente Nicolas Sarkozy optou por continuar seu descanso no sul da França. Seu plano é ficar em um palacete da família de sua mulher na Riviera Francesa até o dia 24.

Outra que não retornou à capital foi a chanceler alemã, Angela Merkel. Para o principal partido de oposição - os sociais-democratas - a atitude de Merkel é "uma vergonha". Em um comunicado, o partido pediu na sexta-feira que Merkel "cancele suas férias antes que os mercados a obriguem a fazer isso". Quem também está gerando críticas por sua atitude é o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron. Ele está na Toscana, enquanto seu secretário do Tesouro está na Califórnia.

Em um artigo publicado no Sunday Mirror, o líder da oposição, Ed Balls, acusou o governo de "complacência" por sua atitude de manter as férias. "Em outras épocas, o chanceler britânico estaria na ponta da mesa, coordenando uma resposta global."

O ex-vice-primeiro-ministro, Lord Prescott, também criticou o comportamento do governo. "Isso é inacreditável", disse. "Como é que o secretário do Tesouro, na Califórnia e com dez horas de diferença de horário, pode ter uma conferência telefônica com Londres sobre a crise?"

Coube a William Hague, secretário de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, defender seu governo das críticas da oposição. "Estamos em permanente contato e todos estão trabalhando. Não estamos mais na Idade Média em que os líderes precisavam estar em suas capitais", afirmou.

Imagem. Nem todos pensam assim. O presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, já estava de férias e retornou para Madri diante da crise. Seu gabinete explicou que sua decisão tinha relação com sua percepção de que a imagem do líder deve ser a de que está no comando quando a crise é profunda.

Mas nem ele resistiu e, na sexta-feira, terminou uma reunião de emergência com seu gabinete oferecendo um jantar para comemorar o seu aniversário. Com bolo, velas e brinde. A Espanha é um dos países mais afetados pela crise, com 20% de desemprego.

O premier italiano, Silvio Berlusconi, também optou por não sair de férias. E tinha bons motivos para isso. O Banco Central Europeu indicou que apenas compraria os títulos de sua dívida se ele acelerasse em agosto a adoção de um novo pacote de austeridade.

Mas as maiores críticas têm sido direcionadas à Comissão Europeia. Seu presidente, o português José Manuel Barroso divulgou uma carta em que cobra os líderes da UE a adoção de um fundo de resgate, em uma atitude que demonstrou a dimensão da crise. Mesmo assim, Barroso preferiu não retornar para Bruxelas e manteve suas férias em Portugal. "O sr. Barroso está de férias como muita gente em toda a Europa", disse Frederic Vincent, assessor de imprensa da UE e que está substituindo a porta-voz da UE, que também está de férias.

Quem foi obrigado a retornar para Bruxelas foi o comissário de Economia da UE, o finlandês Olli Rehn. Mas apenas por alguns dias. Segundo seu gabinete, a conexão de internet de Rehn, na Finlândia, é mais rápida que o de Bruxelas, na sede da UE.

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