Título: Serra aponta grave crise no governo e prevê Lula em 2014
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2011, Nacional, p. A10

Em entrevista ao jornal espanhol "El País", tucano afirma que problema da corrupção no Brasil nunca foi tão sério como agora

O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) avalia que o problema da corrupção no Brasil nunca foi tão sério e considera que a probabilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputar a sucessão presidencial em 2014 é muito alta. As afirmações foram feitas em entrevista ao jornal espanhol El País e divulgadas ontem.

O tucano afirmou, na conversa, que Lula nunca deixou de fazer campanha e algumas de suas declarações contra a oposição são retórica eleitoral. A respeito da "faxina" que a presidente Dilma Rousseff vem promovendo no Ministério dos Transportes, o ex-governador reconhece que a ação foi correta, mas considera que ela atuou estimulada pela imprensa nacional e não pela convicção de promover uma limpeza dentro da administração federal.

"O ex-presidente também afastou pessoas envolvidas em casos de corrupção, mas aquilo que poderia se transformar no início de uma política de transparência acabou em nada", disse Serra. Na entrevista, o ex-governador vinculou a origem desses escândalos ao fato de o governo petista entregar a partidos da base aliada áreas onde exercem "um poder quase absoluto". "A corrupção no Brasil não é o único problema e não pode ser tratada como um fator isolado. Ela causa desvios de recursos, acentua a ineficiência e impossibilita o planejamento. Isso é exemplificado no caso do Ministério dos Transportes", argumenta o tucano.

Imagem. O ex-governador admite que a imagem do Brasil no exterior é positiva e a economia caminha em ritmo de crescimento, assim como a criação de empregos. Ele avalia ainda que o governo Dilma começou bem no que se refere à defesa dos direitos humanos. O tucano acrescenta, contudo, que nos últimos tempos a posição da presidente começou a se mostrar ambígua e o ímpeto em defender os direitos civis se diluiu.