Título: Governo não vai aceitar soluções recessivas, afirma Dilma
Autor: Fernandes, Adriana ; Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/08/2011, Economia, p. B7-9

Temendo os efeitos sociais, presidente diz que repudiará medidas que levem a desacelerar a economia do País

A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o governo não quer "soluções recessivas" para a crise mundial. Apesar da forte queda da bolsa de valores brasileira, Dilma indicou que o governo não pretende tomar medidas de afogadilho. "O Brasil será muito, mas muito criterioso no seu posicionamento."

Dilma tentou mostrar que o País está numa situação mais forte para enfrentar um novo período de turbulência, mas reconheceu que o cenário externo é grave. "Não podemos brincar, sair por aí gastando. Não temos de parar de consumir, mas temos de ter uma posição de que não vivemos numa ilha isolada."

Para a presidente, é preciso repudiar todas as possíveis soluções da crise que levem à uma forte desaceleração da atividade econômica por conta de seus efeitos sociais.

"Repudiamos todas as soluções recessivas para a crise mundial. Elas acirram o custo social dos ajustes, transferindo-os para os segmentos sociais menos protegidos, com destruição do emprego e redução do estado de bem-estar", disse Dilma em almoço oferecido ao primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper.

O rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos, anunciado na sexta-feira pela agência de classificação de risco Standard & Poor"s, foi um erro no entender da presidente. "Não compartilhamos com a avaliação precipitada e, eu diria, não correta da agência que diminuiu o grau de valorização de crédito dos Estados Unidos.".

Ministros. Vários ministros saíram em campo ontem para comentar a crise e tentar mostrar que o governo está atento e pronto para agir. Para a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, a situação externa demanda uma ação cuidadosa. "Os tempos são duros. É preciso resistir de forma sistemática."

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, argumentou que as ações de política econômica adotadas recentemente melhoraram as condições de enfrentamento da crise.

O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Moreira Franco, classificou como, no mínimo "esquisita" a situação externa. /COLABOROU ADRIANA FERNANDES