Título: Dólar sobe 1,64% e registra a maior cotação desde 26 de maio
Autor: Fernandes, Adriana ; Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/08/2011, Economia, p. B7-9

Moeda dos EUA vai a R$ 1,612; crise reverteu no curtíssimo prazo a tendência de valorização do real

A turbulência global atingiu o mercado de câmbio no Brasil. O dólar subiu com vigor e fechou a R$ 1,612 ontem, alta de 1,64% e a maior cotação desde 26 de maio. Na BM&F Bovespa, o contrato mais líquido do dólar futuro, com vencimento em setembro, subiu 3,21%, atingindo R$ 1,6385.

A crise reverteu no curtíssimo prazo a tendência de valorização do real, uma preocupação para o governo brasileiro, que tomou recentemente medidas para conter a especulação no mercado de derivados cambias. No dia 29 de julho, o dólar atingiu sua menor cotação: US$ 1,553.

A avaliação dos especialistas, no entanto, é que essa reação do mercado de câmbio é "previsível" e dificilmente vai se configurar em um ataque especulativo contra a moeda brasileira como ocorreu em 2008.

"Não há razão para especular contra nem a favor do real", disse Sidnei Nehme, diretor da NGO Corretora de Câmbio. Ele afirma que o País hoje tem um volume muito maior de reservas e um resultado fiscal bem mais sólido do que em 2008;

A moeda brasileira também está longe de sofrer um ataque "reverso" como o franco suíço ou o iene, que estão se valorizando significativamente a medida que os investidores enxergam esses ativos como reservas de valor para se proteger das oscilações do próprio dólar.

Para analistas de mercado, a desvalorização do real ontem foi provocada por alguns fatores conjunturais. Com a forte queda da Bovespa, muitos investidores deixaram o País e compraram dólares. Na contramão, diminuiu o volume de recursos enviados por investidores estrangeiros.

Outro importante movimento que detonou a alta do dólar localmente foi o incremento das remessas de lucros e dividendos de filiais de multinacionais instaladas no Brasil para as matrizes. Em momentos de crise, as matrizes preferem estar líquidas e pedem a repatriação de capitais rapidamente,.

Nehme, da NGO, acredita que o movimento de desvalorização do real não deve durar, porque os exportadores vão começar a aproveitar para trazer seus capitais para o País. Ele estima que as empresas exportadoras brasileiras tenham hoje US$ 16 bilhões lá fora só esperando um melhor patamar de câmbio.