Título: BB tem lucro semestral recorde de R$ 6,3 bilhões
Autor: Júnior, Altamiro Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/08/2011, Economia, p. B9

Segundo o banco, desempenho foi puxado pela expansão do crédito, das receitas com serviços bancários e pelo resultado da Previ

O Banco do Brasil encerrou o primeiro semestre com lucro líquido recorde de R$ 6,3 bilhões, alta de 24% ante o mesmo período de 2010. No segundo trimestre, o ganho foi de R$ 3,35 bilhões, aumento de 23%. O retorno sobre o patrimônio líquido ficou em 27%, o mais alto entre os grandes bancos brasileiros de capital aberto.

O bom desempenho foi puxado pela expansão do crédito, das receitas com serviços bancários e pelo resultado do fundo de pensão dos funcionários do banco, a Previ. A carteira total de empréstimos do banco - incluindo avais e fianças - subiu 20,2% em 12 meses e encerrou junho em R$ 421 bilhões.

Na comparação do segundo trimestre com o primeiro, a carteira cresceu 6%. Os empréstimos para pessoas físicas foram destaque, com alta de 21,2%.

No financiamento imobiliário, o volume desembolsado pelo banco público foi de R$ 1,449 bilhão no primeiro semestre de 2011, um crescimento de 132,1% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Apesar da forte expansão do crédito, o Banco do Brasil revisou para baixo as estimativas de crescimento para os empréstimos este ano, tanto na pessoa física como na pessoa jurídica.

A previsão inicial era de aumento de até 20% e agora passou para até 18%. A exceção foi a linha de agronegócio, que teve aumento das estimativas, para 12%.

O presidente do BB, Aldemir Bendine, diz que a revisão ocorreu por conta de sinais de desaquecimento da economia, em um cenário de juros mais altos para conter a inflação e como consequência das medidas macroprudenciais anunciadas pelo governo em dezembro do ano passado para conter o crédito ao consumo.

Contágio. Sobre a crise da dívida de alguns países europeus e o rebaixamento da nota da dívida dos Estados Unidos, Bendine avalia que existe possibilidade de contágio na economia brasileira, mas diz que ainda é cedo para fazer qualquer análise mais ampla sobre isso.

Em princípio, a crise pode complicar o financiamento das empresas em operações de financiamento no mercado de capitais, resultando na paralisação das ofertas de ações. O BB, diz Bendine, está capitalizado e pode até aproveitar eventuais oportunidades que surgirem no mercado de crédito.

Mesmo afirmando que ainda é cedo para dimensionar o tamanho do impacto da crise externa, Bendine disse que o BB está revendo planos de aquisições em outros países que estavam em andamento. "O momento é de mais prudência, até que se tenha um cenário mais claro", afirmou.

Também estão descartadas, no momento, as compras no mercado interno. De acordo com o executivo, não há ativos, no momento, que agreguem valor à estratégia de crescimento do banco.

A partir de janeiro, o BB passa a administrar o Banco Postal, dos Correios, e sua presença vai chegar a 96% dos municípios brasileiros.