Título: Síria evita encontro de primeiro escalão com missão do Ibas
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2011, Internacional, p. A12

Irritado com a "ingerência externa", o governo de Damasco quer que a missão integrada por Brasil, África do Sul e Índia seja recebida apenas pelo vice-chanceler sírio, Fayssal Mekdad. Os "visitantes", porém, estão pedindo uma reunião com alguém do primeiro escalão, como o ministro das Relações Exteriores, Farouq al-Sharaa, que acumula o cargo de vice-presidente. Um encontro com o próprio presidente Bashar Assad é altamente improvável.

O emissário do lado brasileiro - o subsecretário-geral do Itamaraty para África e Oriente Médio, Paulo Cordeiro de Andrade - já está a caminho da capital síria, onde aguardará a chegada dos vice-chanceleres de Pretória e Nova Délhi. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, queria que a delegação dos emergentes já estivesse esta semana em Damasco. Mas o envio da missão teria sido atrasado, sobretudo, pela África do Sul. Antes de despachar seu emissário a Damasco, Pretória quer receber em casa o vice-chanceler da Síria, que já passou pelo Brasil e estava ontem na Índia. Ele deve desembarcar na capital sul-africana na segunda-feira.

A iniciativa do Ibas (sigla integrada pelos três emergentes) tem por objetivo passar em uníssono um recado a Assad. De um lado, o grupo sublinhará o repúdio à violência contra civis e a irritação com o descumprimento das promessas de reforma política já anunciadas. De outro, indicará que deseja manter abertos os canais de diálogo com Damasco. Os três países ocupam assentos rotativos no Conselho de Segurança da ONU e se opõem a sanções internacionais contra a Síria. Eles temem ainda que uma resolução em Nova York sirva de pretexto para uma intervenção militar - como ocorreu no caso da Líbia.

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