Título: Oposição síria quer sanções sobre petróleo
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2011, Internacional, p. A12

Setor corresponde a 35% das exportações da Síria; EUA prometem mais pressão sobre Assad

Líderes da dissidência síria encontraram-se ontem com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e pediram aos EUA que imponham novas sanções econômicas ao regime de Bashar Assad. As punições, diz a oposição, devem ser destinadas ao setor petrolífero e de gás, que responde por cerca de 35% das exportações do país. Eles também pediram uma posição mais clara dos EUA pela renúncia do ditador.

Em comunicado divulgado após a reunião, Hillary afirmou que os EUA estão buscando novas sanções ao regime. "Estamos trabalhando para impor sanções adicionais às atuais autoridades sírias", disse. "Estudamos punições mais amplas, que isolarão o regime politicamente e cortarão as receitas que financiam seus atos brutais."

Os manifestantes pediram também mais apoio político contra o regime. "Precisamos que o presidente Barack Obama se pronuncie sobre a coragem do povo sírio", disse Mohammad Alabdalla, um dos ativistas. "Queremos ouvir em alto e bom som que Assad deve sair."

Senadores americanos articulam uma lei bipartidária para punir empresas que investem em petróleo e gás na Síria. O projeto foi elaborado pelo republicano Mark Kirk, pela democrata Kirsten Gilibrand e pelo independente Joe Lieberman. "Os EUA devem impor duras sanções à Síria, em resposta ao assassinato de civis sob ordens de Assad", disse Kirk.

Repressão branda. Apesar dos mais de 2 mil mortos em cinco meses de levantes pró-democracia e com as forças de segurança intensificando as operações na cidade de Hama, que concentra a oposição, muitos membros do regime e da elite síria acham que Bashar Assad tem sido brando na repressão.

Segundo consultorias de risco político, como a Eurasia, um dos problemas do líder sírio é o questionamento de suas medidas, que teriam sido, na avaliação de membros do regime, muito favoráveis aos opositores. Eles também dizem que se o pai de Bashar, Hafez, estivesse vivo e no poder, ele já teria dado uma lição definitiva nos manifestantes.

Em 1982, o então líder sírio massacrou cerca de 20 mil pessoas em Hama. A ofensiva eliminou a oposição islâmica ao seu regime. Ontem, os tanques de Bashar tomaram o centro da cidade, que se havia transformado em um dos bastiões da oposição. Desde o domingo, mais de 140 pessoas foram mortas, a maioria em Hama. Ontem, três pessoas foram mortas em diferentes cidades. / REUTERS e NYT, COM GUSTAVO CHACRA, DE NOVA YORK.