Título: Calote dos consumidores deve subir este ano
Autor: Holtz, Fabiana
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2011, Economia, p. B5

O aumento do poder de compra da população pode ter um efeito colateral indesejado. A Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) estima que a taxa de calote nos pagamentos a prazo deve subir em 2011, depois de dois anos consecutivos de queda. Pelos cálculos dos técnicos da entidade, a taxa de inadimplência este ano deve crescer 7,5%. No ano passado, o volume de calotes no varejo caiu 1,85%. Em 2009, o recuo foi ainda mais acentuado: 14,9% em relação ao ano anterior.

A mudança de direção, segundo o presidente da entidade, Roque Pellizzaro Júnior, se deve ao "entusiasmo" na hora das compras pela população que passou a contar com mais dinheiro no bolso. "As compras são feitas de forma desordenada", avaliou ontem o dirigente. Em janeiro, o calote ainda apresentava queda em relação ao mesmo mês do ano passado, mas, desde então, as taxas têm sido sempre positivas nessa base de comparação. O pior momento foi visto em fevereiro, quando houve aumento de 10,23%. "A inadimplência deve ficar um pouco acima do ideal, mas posso dizer que já apagamos a luz amarela", salientou.

A tendência, segundo a CNDL, é a de que o aumento do calote desacelere mês a mês. Em julho, subiu 8,55% ante julho do ano passado. A situação só não é "horrível", segundo o presidente da Confederação, porque muitos que deixaram de honrar seus compromissos no passado vêm tentando colocar as contas em dia. O volume de consumidores que limparam o nome em julho ficou 9,14% maior do que no mesmo mês de 2010. A perspectiva é a de que ao fim do ano essa taxa esteja em 8%.

O presidente da CNDL salientou que a medição da inadimplência feita pela entidade é diferente da apurada pelo Banco Central, que já enxergou sinais de estabilidade em junho após o crescimento verificado no início do ano. Apesar da chamada "nova classe média" ainda estar despreparada para lidar com a situação econômica inédita, ela segue ávida por consumir.

Prova disso, segundo a Confederação, é que as vendas no comércio subiram 6,61% em julho na comparação com o mesmo mês do ano passado. No ano, o aumento dos negócios no varejo foi de 5,22% ante idêntico período de 2010.