Título: Leilão vai tirar exclusividade da Petrobrás
Autor: Bahnemann, Wellington
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2011, Economia, p. B6

Pelo menos duas novas empresas querem fornecer gás natural às usinas termoelétricas

O próximo leilão de energia nova, marcado para o dia 17, deverá quebrar o status da Petrobrás de única fornecedora de gás natural às termoelétricas. Pelo menos duas empresas têm planos de ingressar nesse mercado e já cadastraram seus projetos na licitação.

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 30 termoelétricas a gás foram inscritas para o leilão, que contratará a demanda do mercado cativo de energia em 2014 (A-3).

A Agência Estado apurou que a Petrobrás teria fechado contratos de fornecimento de combustível só para dez usinas, entre elas a da CPFL Energia, a da EDP no Brasil, a da francesa EDF, a do grupo Global, a da Alupar e a da Queiroz Galvão, além de garantir o suprimento para si própria no projeto de uma termoelétrica de 575 megawatts a ser instalada na Baixada Fluminense (RJ).

A lista divulgada pela EPE informa que 14 projetos foram inscritos no Nordeste. Pelas regras do leilão, qualquer empreendimento para ser cadastrado precisa apresentar contrato de fornecimento do insumo e de acesso à rede de distribuição de gás. Essas termoelétricas deverão ser atendidas por novos supridores do combustível.

Um dos dois novos fornecedores é a OGX Maranhão, parceria entre a MPX Energia e a OGX, do empresário Eike Batista. A companhia detém 70% de participação em sete blocos na Bacia do Parnaíba, cujas reservas de gás natural são estimadas em 11,3 trilhões de pés cúbicos (TCF). Para o próximo leilão A-3, a companhia inscreveu três termoelétricas, totalizando 1,204 mil MW.

Mesmo com a expectativa de que o leilão tenha número maior de fornecedores, investidores pequenos e médios reclamam que ainda prevalece grande concentração no fornecimento pela Petrobrás e pelo grupo EBX (MPX e OGX), capaz de desmobilizar os interessados na geração térmica no Brasil.

"O autoprodutor, que explora a produção de gás natural, vai disputar uma usina térmica com outros que compram o seu gás. Acaba sendo diretamente beneficiado: pode ter o insumo a preços mais baixos do que quando vende a seus concorrentes e, com isso, conseguir se ater ao preço-teto do leilão", disse um candidato, que não quis se identificar.

A diretora de Gás e Energia da Petrobrás, Maria das Graças Foster, garante que não. A companhia, segundo ela, entra em nível de igualdade com seus concorrentes, já que compra o gás pelo mesmo valor dos demais.

O terceiro potencial fornecedor na licitação é o grupo Bolognesi, que planeja construir dois terminais: um no Rio Grande do Sul e outro em Pernambuco. Seus investimentos na área de gás podem superar os US$ 3 bilhões. A empresa inscreveu dez térmicas no leilão A-3, totalizando quase 3,8 mil MW de capacidade. "Como a Petrobrás não nos forneceu o gás, começamos a buscar alternativas", disse Ronaldo Bolognesi.

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