Título: Austeridade freia expansão da UE no 2º trimestre
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/08/2011, Economia, p. B1

Dados divulgados ontem mostram que a economia da França ficou estagnada no período e a produção industrial do bloco sofreu contração de 1,2% em junho

CORRESPONDENTES GENEBRA E PARIS

A política de austeridade na União Europeia paralisou a economia do bloco no segundo trimestre de 2011. Dados publicados ontem em Bruxelas revelam que a segunda maior economia, a França, ficou estagnada no período e a produção industrial da UE sofreu contração. Já a Grécia não consegue interromper sua recessão e registra recorde de desemprego.

Os indicadores reforçaram os temores de um "duplo mergulho" da recuperação econômica no continente. O balanço divulgado pelo Escritório Estatístico das Comunidades Europeias (Eurostat) indica que a queda nos gastos e investimentos públicos tem levado à redução da produção industrial do continente. Em crise, a Europa vinha contando em grande parte com a atuação do Estado para manter setores inteiros em funcionamento. Mas, com cortes profundos em orçamentos públicos, essa opção começa a perder espaço.

Em junho, a produção industrial na UE caiu 1,2% em comparação a maio. Bruxelas classificou o resultado como "mais fraco que o imaginado". O que mais preocupa é que a produção não caiu apenas na periferia da Europa. Na França, o Instituto Nacional de Estatísticas (Insee) informou que a economia do país estagnou no segundo trimestre, ante alta de 0,9% no primeiro período. A avaliação ampliou o risco de que o prognóstico do Palácio do Eliseu, 2% de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, não se concretize.

Segundo cálculos de Frédéric Gonand, professor da universidade Paris Dauphine e ex-conselheiro da atual diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, as perspectivas indicam que a França não crescerá mais do que 1,6% no ano. O resultado se soma à perspectiva de desaquecimento na Alemanha e ao recuo da previsão do PIB no Reino Unido, de 1,8% para 1,5%. "A recuperação será lenta e dura", disse o ministro de Finanças britânico, George Osborne.

Recessão. Na Grécia, que por meses foi o epicentro da crise europeia e acabou resgatada, os cortes de gastos têm custado caro à economia. O PIB do país no segundo trimestre caiu quase 7%. A taxa foi um pouco melhor que a contração no início do ano, de 8,1%, mas ainda assim considerado "dramática" pelo governo.

O principal responsável foi o tombo no consumo doméstico, por causa da queda na renda. Ainda assim, a Grécia entra no terceiro ano de recessão e a taxa de desemprego subiu para 16,6%, um recorde. Há um ano, era de apenas 12%. Entre os jovens, é de 40%. Em junho, o governo de Atenas por pouco não caiu. Mas conseguiu passar mais um pacote de austeridade até 2015, uma exigência da UE e do FMI para liberar um novo resgate ao país.