Título: Obama pede aprovação de medidas de estímulo
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2011, Economia, p. B1

Desemprego é de 9,1% em julho e presidente faz alerta ao Congresso, que está em recesso

Passada a crise da dívida, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, escudou-se nos dados alarmantes de desemprego no país para advertir o Congresso a aprovar a agenda de medidas para estimular a economia. Entre elas, os Tratados de Livre Comércio com a Colômbia, a Coreia do Sul e o Panamá.

Ontem, o Departamento de Trabalho divulgou a taxa de desocupação de 9,1% em julho, praticamente invariável nos últimos três meses e resultante da adição de 154 mil novos postos de trabalho.

"Minha preocupação agora, meu principal foco, é o povo americano: fazer o desempregado voltar ao trabalho, receber seu salário, reconstruir o senso de segurança que a classe média teve por anos; ajudar as pessoas a se recuperarem totalmente, como famílias e comunidades, da pior recessão jamais vista", afirmou Obama, durante lançamento de programa da Marinha dos Estados Unidos para preparar os veteranos de guerra para o mercado de trabalho.

"Nós temos de criar um ciclo autossustentável no qual as pessoas consumam, as empresas contratem e nossa economia cresça. Sabemos que isso pode levar algum tempo", disse o presidente americano.

O Congresso, entretanto, entrou em recesso depois das votações da lei de aumento do limite de endividamento federal, na terça-feira passada, e só retomará suas atividades depois do Dia do Trabalho, em 8 de setembro, quando a taxa de desemprego de agosto já será conhecida. Segundo Austan Goolsbee, conselheiro econômico da Casa Branca, a expectativa é de rápida aprovação da reforma da lei de patentes, da lei de infraestrutura e da prorrogação da redução de impostos sobre a folha de pagamentos e do seguro-desemprego.

Novo acordo. Para tanto, será necessário novamente um acordo entre democratas e republicanos, apesar das ambições dos dois partidos nas eleições presidenciais e parlamentares de 2012. "Agora que o Congresso impediu a desastrosa suspensão de pagamentos federais e protegeu os programas (sociais) para milhões de famílias americanas, nossos líderes têm de voltar seu foco para a criação de empregos", afirmou a secretária do Trabalho, Hilda Solis.

Obama celebrou o fato de a taxa de desemprego ter "caído" 0,1 ponto porcentual, em comparação com a de junho, "e não subido", como era esperado pelo mercado. Os dados do Departamento do Trabalho apontaram a criação de 154 mil postos de trabalho no setor privado em julho, dos quais 117 mil nos setores industrial e de serviços. A taxa caiu para 9,1%, apesar das demissões de 37 mil funcionários públicos estaduais e municipais.

Nos últimos 17 meses, a economia americana foi capaz de criar 2,4 milhões de postos de trabalho, mesmo com o ritmo lento de recuperação econômica, especialmente no primeiro semestre deste ano. O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre cresceu apenas 0,4% e, entre abril e junho, 1,3%. Nos próximos meses, a atividade tende a ser afetada também pelos cortes de gastos federais resultantes do acordo de ajuste fiscal até 2022.

O fosso do desemprego nos Estados Unidos é mais fundo. Além dos 13,9 milhões de desempregados, há 2,8 milhões desalentados ou marginalizados. Os principais segmentos empregadores, em julho, foram os serviços de saúde, o comércio varejista e a indústria de bens duráveis.

Os setores da construção civil, de transportes, de informação, financeiro e de turismo continuam estagnados. Na área pública, o governo do Estado de Minnesota demitiu 23 mil funcionários em julho como medida de ajuste fiscal.

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