Título: UE anuncia medidas e acalma mercado
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2011, Economia, p. B1

Bolsas no Brasil e EUA tiveram tempo de reverter queda após G-7 anunciar reunião de emergência e a Itália, medidas de austeridade

Depois da pior semana vivida pelos mercados desde a quebra do Lehman Brothers, em 2008, as bolsas no Brasil e nos Estados Unidos esboçaram uma reação ontem, depois que os chefes de governo do G-7 convocaram uma reunião de emergência - para tentar evitar uma nova recessão - e o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, anunciou novas medidas de austeridade. Dados melhores no mercado de trabalho nos EUA também ajudaram.

Com os mercados já fechados, a reação não teve tempo de reverter a queda das bolsas europeias e asiáticas.

A reunião dos países ricos foi anunciada após conversa telefônica entre os chefes de governo de Franca, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Itália e o presidente do Conselho da Europa. A decisão, porém, foi de limitar o encontro aos países ricos, rompendo uma prática desde a eclosão da crise mundial de chamar à mesa os países emergentes, como o Brasil, para buscar soluções para crises internacionais. O G-20 não foi convocado.

O dia de ontem foi de volatilidade em todo o mundo e de mais quedas nas bolsas europeias, diante dos temores em relação à incapacidade de Itália e Espanha pagarem suas dívidas. O mercado apenas respirou aliviado por alguns instantes com os dados do desemprego americano, melhores que o esperado. A taxa de desemprego caiu para 9,1% em julho, de 9,2% em junho, e foram criados 154 mil empregos.

No Brasil, a Bovespa fechou em alta de 0,26%. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones fechou com alta de 0,54%. Mas o temor de uma nova recessão e de um contágio da crise na Europa prevaleceu, pelo menos nas bolsas europeias, que fecharam com fortes quedas. Frankfurt recuou 2,78%; Londres, 2,71%; e Paris, 1,26%.

A sexta-feira foi marcada por uma tentativa desesperada dos líderes políticos em dar sinais ao mercado de que não vão permitir uma nova recessão. Em Bruxelas, a União Europeia anunciou que está acelerando a adoção do fundo de resgate criado há menos de um mês. O bloco quer o mecanismo de 440 bilhões adotado até o início de setembro, o que exigirá a ratificação por todos os 17 países da zona do euro. "Estamos trabalhando dia e noite", afirmou Olli Rehn, comissário de Economia do bloco.

Por teleconferência, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, os primeiros-ministros da Espanha, José Luiz Zapatero, e do Reino Unido, David Cameron, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e Berlusconi chegaram à conclusão de que o fundo de resgate precisa ser acelerado. O mecanismo foi criado em julho e tinha como objetivo blindar o euro de ataques e dar um sinal claro aos mercados de que a UE está decidida a resgatar países em dificuldades. A decisão de ontem foi também a de acelerar o segundo plano de resgate à Grécia.

Merkel e Sarkozy ainda falaram com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.