Título: Combustíveis impedem queda do IPCA, que sobe a 0,16%
Autor: Otta, Lu Aiko
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2011, Economia, p. B8

Índice de inflação oficial de julho teve variação ligeiramente superior ao de junho, de 0,15%; em 12 meses, chega a 6,87%

A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,16% em julho, nível ligeiramente superior ao de junho (0,15%). Os preços dos alimentos acentuaram o ritmo de queda, mas o impacto foi anulado por um aumento nos combustíveis, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No acumulado de 12 meses, a inflação subiu para 6,87% em julho, o maior nível desde junho de 2005. O resultado se afasta ainda mais do teto da meta fixada pelo governo, de 6,5% em 2011. "Isso acontece porque nós abandonamos o resultado de julho de 2010, de 0,01%, e acrescentamos o resultado de 0,16% de julho deste ano", disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Na avaliação de Thiago Curado, analista da Tendências Consultoria Integrada, a crise internacional tende a favorecer um freio nos preços, sobretudo em 2012, quando a inflação poderia convergir para o centro da meta, de 4,5%. A acomodação dos valores das commodities, uma desvalorização menos intensa do real e o arrefecimento das economias dos Estados Unidos e da Europa propiciariam um cenário menos inflacionário.

"Existe de fato a oportunidade de voltar ao centro da meta em 2012, mas devemos perdê-la, porque não estamos fazendo o dever de casa, não estamos trabalhando para promover um desaquecimento maior da economia", disse Curado.

A Tendências não modificou a previsão de inflação para 2012, que atualmente está em 5,12%. Para Curado, há no mercado uma expectativa de que o Banco Central não dará continuidade ao aperto monetário para conter a inflação. "Estamos prevendo apenas mais uma alta de 0,25 ponto porcentual da taxa básica de juros em agosto, depois o aperto monetário deve ser encerrado", acrescentou o analista.

O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, disse que somente em novembro o IPCA acumulado em 12 meses deve voltar a ficar abaixo do teto da meta. Ele concorda que o ciclo de alta nos juros pode estar perto do fim.

"Dentro de um quadro em que a economia mundial está sofrendo forte desaceleração, a percepção de que os juros não devem subir mais no curto prazo é reforçada", explicou Camargo Rosa.

No IPCA de julho, o maior impacto negativo veio da queda de 0,34% no grupo alimentação e bebidas. Vários produtos ficaram mais baratos, especialmente o tomate, seguido pelas carnes. Por outro lado, os aumentos nos combustíveis fizeram com que a inflação no grupo transportes voltasse a acelerar, passando de uma queda de 0,61% em junho para uma alta de 0,46% em julho. / COLABOROU DENISE ABARCA