Título: PIB europeu perde velocidade no 2º trimestre
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2011, Economia, p. B1

Alemanha e França praticamente param, taxa anualizada chega a 1,7%, inferior ao previsto pelos analistas; desaceleração é maior na Grécia

O anúncio da maior integração econômica entre os 17 países da zona do euro foi feito em Paris pelos líderes francês e alemão horas depois de o Escritório Estatístico das Comunidades Europeias (Eurostat) confirmar a desaceleração do crescimento na região.

Segundo o instituto de Bruxelas, a zona do euro registrou crescimento de 0,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre - 0,1 ponto porcentual inferior à previsão de analistas -, o que em termos anuais representa 1,7%.

Além da França, que já havia registrado estagnação no período, a Alemanha também decepcionou. Enquanto os especialistas estimavam o crescimento do país em 0,5% no segundo trimestre, o Eurostat constatou 0,1% de avanço.

No apanhado dos últimos 12 meses, o país registra 2,8% de aumento do Produto Interno Bruto (PIB), mais uma vez abaixo do previsto (3,2%).

De passagem por Paris, onde se reuniu com o colega Nicolas Sarkozy, a chanceler alemã, Angela Merkel, minimizou a desaceleração. "Não se deve ver unicamente as flutuações trimestrais. Nosso objetivo é fazer de tudo para que o potencial de crescimento da Europa seja reforçado", afirmou.

Em Londres, o Banco da Inglaterra (BoE) já havia anunciado na segunda-feira a redução das perspectivas de crescimento de 1,8% para 1,4% em 2011. Com isso, todos os três principais motores da União Europeia confirmaram a desaceleração.

Entre os países em crise, a Espanha registrou crescimento de 0,2% no segundo trimestre. Na Grécia, a situação é mais grave. Considerando os últimos 12 meses, o recuo do Produto Interno Bruto (PIB) chegou a 6,9%.

Outro dado preocupante sobre a performance econômica da zona do euro também foi anunciado: o recuo de 0,7% na produção industrial de junho em relação ao mês anterior.

FMI. Diante dos números de crescimento insuficientes, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, pediu em artigo publicado no jornal Financial Times a reprogramação das políticas de austeridade, de forma a evitar a recessão no continente. "O reequilíbrio fiscal deve resolver uma equação delicada, não sendo rápido demais, nem lento demais", defendeu.

Para Nicolas Bouzou, diretor da consultoria Asterès, de Paris, os indicadores conjunturais apontam a degradação do desempenho da UE. "Mas eu não acredito que possamos falar em volta da recessão mundial", afirmou./ A.N. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS