Título: Criação de empregos cai a 140 mil em julho
Autor: Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2011, Economia, p. B9

Pelo 3º mês consecutivo, número de vagas criadas com carteira assinada é menor que o do mês anterior; Lupi responsabiliza produtos importados

A geração de vagas de emprego com carteira assinada desacelerou pelo terceiro mês consecutivo em julho e o saldo caiu para menos de metade nesse intervalo de tempo, chegando a 140,5 mil postos. Conforme dados do Ministério do Trabalho divulgados ontem, a situação se agravou com a perda de ritmo de São Paulo, líder na criação de empregos. O Estado apresentou o pior desempenho para meses de julho desde 2003, primeiro ano do governo Lula.

A insegurança com a nova fase da crise mundial pode estar por trás da cautela dos empresários no mês passado, segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. "Não foi tão bom quanto gostaríamos", resignou-se o ministro.

Ele havia previsto que o saldo de julho seria próximo ao do mesmo mês do ano passado, mas acabou ficando distante. O Caged apontou um saldo líquido do emprego formal, já descontadas as demissões do período, de 182 mil postos em julho de 2010 - número que depois foi revisado para 219 mil vagas.

Mesmo assim, Lupi ainda acredita que poderá fechar o ano com as contratações superando as demissões em 3 milhões de empregos. A estimativa do ministro é superior, inclusive, ao saldo recorde de 2,5 milhões verificado em 2010, ano de grande expansão econômica.

"Em 2011, teremos um comportamento diferente do visto no ano passado", afirmou o ministro, salientando que em 2010 o governo não pode contratar por causa das eleições. "Vamos ter acréscimo mais significativo este ano", acrescentou.

De janeiro a julho foi criado 1,59 milhão de postos de trabalho, enquanto no mesmo período de 2010 o total já ultrapassava a marca de 1,85 milhão. A perspectiva de Lupi é que os resultados deste e do próximo mês virão melhores.

"Tenho certeza absoluta que agosto superará julho."

Líder. São Paulo seguiu como o líder na geração de empregos formais no mês passado ao registrar um saldo líquido de 49,3 mil vagas abertas. O volume, no entanto, é inferior ao do mesmo período do ano passado (62,5 mil) e mais distante ainda do recorde para meses de julho, registrado em 2004 (70,8 mil). Só supera o mesmo mês de 2003, quando as contratações foram apenas 17,3 mil maiores que as demissões.

O setor de serviços continua como grande impulsionador do emprego. No País, foram 45,9 mil vagas em julho, das quais 20,7 mil apenas em São Paulo. O segmento é seguido pelo comércio (28,5 mil) e a construção civil (25,6 mil). A indústria de transformação apareceu só em quarto lugar, com 23,6 mil postos. A explicação pode estar na crise internacional, conforme Lupi. Alguns industriais teriam parado para observar os impactos da turbulência externa e preferiram não mexer no quadro de funcionários neste momento.

"Foi mais receio do que ação", avaliou. De qualquer forma, o ministro vê a entrada de produtos importados no Brasil como um dos maiores problemas do mercado de trabalho. "O que diminui a empregabilidade do Brasil hoje é isso", afirmou.

Outro movimento que deve ser invertido a partir de agosto, segundo Lupi, é a concentração dos novos empregos no interior. De acordo com o Caged, foram criadas 52,5 mil vagas nos nove centros urbanos pesquisados pelo Ministério e 54,4 mil no interior dessas regiões. Com o fim das safras agrícolas e a preparação para as venda de Natal, a expectativa é que as cidades devam voltar a empregar mais.