Título: Não preciso de um sócio para crescer no Brasil
Autor: Costa, Melina
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2011, Negócios, p. B14

Presidente do grupo diz que não está negociando com o Walmart e afirma que a operação no[br]País não está à venda

Lars Olofsson, presidente mundial do Carrefour

Em sua primeira visita ao Brasil desde que fracassou o plano de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour, o presidente do Carrefour, Lars Olofsson, conversou com um grupo de jornalistas e disse que a operação brasileira não está à venda, mas que está aberto a fazer uma sociedade.

Há rumores de que o Carrefour agora negocia uma fusão com o Walmart. É verdade?

O Carrefour é o maior varejista de alimentos no País. Evidentemente, muitos estariam interessados no Carrefour. Isso mostra que somos bons. Mas o Carrefour no Brasil não está à venda. Se o Walmart quisesse vender o seu negócio, eu olharia, porque quero crescer. Já sou o número 1 no Brasil, estamos fazendo uma reestruturação e tivemos progresso nisso. Se alguém quiser vender seu negócio, estou preparado para olhar.

Mas vocês negociam com o Walmart?

Não, o Walmart não ofereceu para vender seu negócio.

E uma fusão?

Eu não tenho essa ideia. Estamos aqui para desenvolver nosso negócio no Brasil. Se alguém quiser ser meu sócio, para que o Carrefour se torne mais forte, estou preparado para olhar esse negócio. Assim como olhamos a oferta da Gama (holding de investimentos que apresentou a proposta de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour no Brasil).

Então o sr. está aberto para um negócio?

Eu estou aberto a qualquer coisa que possa fortalecer o Carrefour no Brasil. Não precisamos de um sócio para continuar a desenvolver nosso negócio aqui. No primeiro semestre do ano, crescemos dois dígitos.

Mas o sr. negocia, neste momento, com o Walmart?

Eu não falo com o Walmart.

Por que o sr. veio ao Brasil?

Foi escrito que "Lars está correndo para o Brasil", mas eu venho ao Brasil regularmente. Esse é um bom momento para discutir o plano de reestruturação com o time.

Já que a proposta de fusão com o Pão de Açúcar não deu certo, quais as alternativas para o Carrefour no Brasil?

Não houve mudanças na estratégia estabelecida em 2009 (quando Olofsson assumiu o comando do Carrefour), que é fortalecer nossa posição no Brasil. Com esse objetivo, tivemos de mudar completamente a gestão no ano passado. A performance não era boa o suficiente. Como tivemos problemas de contabilidade, o Luiz Fazzio (executivo responsável pelo Carrefour no Brasil) estabeleceu um novo time. Hoje apresentamos um dos maiores crescimentos que já tivemos no Brasil e uma melhora de rentabilidade de mais de 40%. Acho que esses problemas de contabilidade criaram especulações de que o Carrefour precisa de dinheiro. Mas nós temos um balanço forte. Não precisamos de um parceiro para continuar a crescer no Brasil. Não precisamos de dinheiro. Mas, se a oportunidade de uma parceria vier, estou aberto para olhar.

Em julho, o BTG informou que suspendeu a proposta de fusão entre Carrefour e Pão de Açúcar. Desde então, o banco fez uma nova oferta?

Eu não ficaria surpreso se estivessem procurando (por um novo projeto). O projeto (de fusão) foi reconhecido como bom por quase todo mundo. Sei que o Casino não reconheceu, mas quase todo mundo - na indústria, na comunidade financeira - reconheceu os benefícios da fusão. Há forte sinergia e complementaridade. Não ficaria surpreso se estivessem pensando: como poderíamos tornar isso possível? Eu, o Abilio Diniz, o BNDES, o BTG: todo mundo viu o benefício desse negócio. Eu não estava sozinho.

Quais os resultados do processo de reestruturação da operação brasileira até agora, especialmente nos hipermercados?

Os hipermercados voltaram a crescer. Este ano, vamos mais que dobrar o lucro operacional nesse formato. Estamos focando no ganho de participação de mercado, no negócio de comércio eletrônico, estamos reduzindo custos, mudando a relação com fornecedores. No negócio como um todo, vamos crescer dois dígitos.