Título: Moody's rebaixa classificação de risco do Japão
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/08/2011, Economia, p. B8

Déficit orçamentário do país e as dívidas acumuladas pelo governo desde a recessão mundial de 2009 motivaram redução do rating de Aa2 para Aa3

A agência de classificação de risco Moody"s divulgou em um comunicado que rebaixou o rating do Japão de Aa2 para Aa3, com perspectiva estável, citando como justificativa o grande déficit orçamentário do país e as dívidas acumuladas pelo governo japonês desde a recessão mundial em 2009. Com isso, a Moody"s afirmou ter concluído a revisão do rating do Japão, iniciada em 31 de maio.

"Ao longo dos últimos cinco anos, as mudanças frequentes na administração impediram que o governo implementasse estratégias econômicas e fiscais de longo prazo e políticas eficazes e duráveis", disse a agência.

"O terremoto e o tsunami de 11 de março e o subsequente desastre na usina nuclear Daiichi, em Fukushima, atrasaram a recuperação da recessão mundial de 2009 e agravaram as condições deflacionárias. As perspectivas para o crescimento econômico são fracas e dificultam a capacidade do Japão para atingir as metas de redução nos déficits e implementar reformas tributárias e sociais", acrescentou.

A Moody"s afirmou também que, segundo as estimativas oficiais, os déficits anuais do Japão até 2015 devem ser iguais ou superiores a 7% do Produto Interno Bruto (PIB), superando as taxas de crescimento "e contribuindo para o aumento inexorável na relação dívida/PIB".

A agência disse que atribuiu perspectiva estável à nota do Japão porque os investidores do país preferem os bônus soberanos domésticos, o que permite ao governo japonês tomar empréstimos pagando as menores taxas nominais do mundo.

Novo líder. O rebaixamento ocorre menos de uma semana antes de o Japão escolher um novo primeiro-ministro, o sexto do país em cinco anos. A dívida do país equivale a cerca de 200% do PIB, após anos de medidas de injeção de recursos na economia.

O rápido envelhecimento da população, a deflação e a desaceleração da economia fizeram com que os líderes políticos tomassem cada vez mais empréstimos. O Japão emitirá mais títulos no fim deste ano para ajudar a financiar a reconstrução do país após o desastre de março.

Apesar do rebaixamento da nota de crédito do Japão, a Bolsa de Tóquio abriu em alta hoje. Segundo Kazuhiro Takahashi, gerente de estratégia e pesquisa da Daiwa Securities, "a decisão da Moody"s vai aumentar a pressão para que o governo eleve impostos, mas, em termos de reação no mercado de ações, ela será limitada, porque já era amplamente esperada". As ações dos grandes bancos, porém, abriram o pregão em baixa, por causa da exposição à dívida do governo japonês.