Título: Crise vai reduzir ritmo do crédito, diz analista
Autor: Nakagawa, Fernando ; Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2011, Economia, p. B1

Embora a concessão de crédito tenha mostrado pouco arrefecimento da velocidade de crescimento em julho, seria oportuno que o governo espere os dados de agosto e setembro para ter mais informações sobre como a crise internacional afetou o consumo doméstico, comentou a economista-chefe da Rosenberg e Associados, Thaís Zara.

Mesmo com medidas macroprudenciais desde o fim de 2010 e de o BC ter adotado um ciclo de aumento de juros em janeiro, as operações de crédito do sistema financeiro avançaram 19,8% em julho no acumulado em 12 meses. O ritmo é superior à alta de 15% ,vista como adequada por autoridades do Poder Executivo.

"Deve ter ocorrido alguma queda do prazo e elevação dos juros para o crédito, mas é preciso verificar qual será a intensidade", comentou a economista. De acordo com Thaís Zara, o crédito pessoal subiu 3,8% em julho ante junho, descontados fatores sazonais e a inflação. Segundo ela, a aquisição de outros bens, que engloba mercadorias duráveis com exceção de automóveis, avançou 10,5% no mesmo período.

A economista destacou que a concessão de empréstimos na categoria recursos livres subiu 0,7% em julho, na margem, com elevação de 17,8% em 12 meses. Na sua avaliação, pode ser considerada normal a alta em julho de 0,9% e de 0,5% das carteiras de pessoas física e jurídica, respectivamente. Porém, a concessão de financiamentos às pessoas físicas caiu 2,9%. O saldo das operações de crédito chegou a R$ 1,854 trilhão em julho, o que representou 47,3% do Produto Interno Bruto (PIB), levemente superior aos 47,1% em junho.

Para Thaís, a desaceleração do nível de atividade nos Estados Unidos e na Europa vai reduzir o consumo no Brasil em agosto e setembro. "Mas o avanço dos problemas econômicos externos deverá levar o BC a manter os juros estáveis até o fim deste ano." A economista acredita que a expansão das operações de crédito no Brasil deve aumentar entre 17% e 18% neste ano.