Título: França taxa ricos e reduz previsão do PIB
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2011, Economia, p. B9

Ministro de Finanças anunciou cortes extras de 12 bilhões de euros e a criação de um imposto sobre a renda anual de quem ganha acima de 500 mil euros

Benoit Tessier/ReutersEsforço fiscal. François Fillon anuncia novo imposto até que o país consiga reduzir seu déficit A França anunciou 12 bilhões em economias extras neste ano e no próximo, por meio de um conjunto de medidas que inclui desde a isenção de impostos até novas taxações para os mais ricos, para assegurar o alcance de suas metas de déficit. Além disso, o governo reduziu as perspectivas de crescimento econômico do país.

O primeiro-ministro François Fillon disse que o governo reduziu a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 para 1,75%, em relação à estimativa anterior de 2,25%. A previsão para 2011 também foi reduzida para 1,75%, antes era de 2,0%.

Ao anunciar um apressado pacote visando garantir que o crescimento lento não prejudique o rating máximo AAA da França, Fillon disse que o governo vai implementar um novo e temporário imposto de 3,0% sobre a renda anual de cidadãos que ganham acima de 500 mil, ao mesmo tempo em que busca uma meta de déficit de 4,5% sobre o PIB no próximo ano.

O anúncio do imposto sobre riqueza acontece um dia depois de um grupo de 16 empresários franceses bilionários assinarem um documento, organizado pela revista Le Nouvel Observateur, defendendo a criação de uma "contribuição excepcional" sobre "os contribuintes mais favorecidos".

O imposto ficará em vigor até a França alcançar sua meta de redução do déficit para 3,0% do PIB, o que está previsto para 2013. Em 2010, o déficit ficou em 7,1% do PIB, e o governo tem prometido cortá-lo para 5,7% neste ano. "A redução de nossos déficits é uma meta sagrada", afirmou Fillon. "É uma obrigação econômica, mas também uma obrigação social, porque um país não pode viver além de suas possibilidade para sempre."

O governo conservador também quer modificar um imposto sobre ganhos de capital com operações imobiliárias, disse o primeiro-ministro, culpando as montanhas de déficit no mundo rico pela desaceleração no crescimento global.

No total, o governo almeja 1 bilhão em receitas extras no restante de 2011 e 10 bilhões em 2012, quando Paris também quer cortar 1 bilhão em gastos. "Essa é uma política rigorosa que permitirá à França permanecer tranquila", disse Fillon. "Nosso país precisa cumprir suas promessas (de déficit). É do interesse de todos os franceses."

Alvos. Entre as várias medidas tomadas pelo governo da França para melhorar a situação das contas públicas está a criação de uma taxa sobre o setor de refrigerantes. O site do jornal Les Echos listou as principais medidas anunciadas pelo primeiro-ministro. Os refrigerantes acabaram entrando no pacote de tributação de produtos que não fazem bem para a saúde. Além dessas bebidas, o álcool e o cigarro também devem ajudar na arrecadação do governo durante a crise.

O presidente Nicolas Sarkozy ordenou a seus ministros de Orçamento e Finanças que apresentem novas medidas para cortar o déficit, num encontro emergencial no início deste mês, interrompendo suas férias de verão após a queda do mercado revelar o nível de preocupação com as finanças públicas francesas. / REUTERS E SÍLVIO GUEDES CRESPO