Título: Empresa ligada a PMDB controla circuito interno
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/08/2011, Nacional, p. A4

Imagens da entrada do ministério, segundo ex-servidor, seriam prova de que Rossi conhecia lobista; cenas antigas foram apagadas, explica pasta

BRASÍLIA - Apontada como principal prova material que poderia ligar o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (PMDB) ao lobista Júlio Fróes, as imagens do sistema de segurança do ministério estão sob a guarda de uma empresa ligada ao PMDB.

A Juiz de Fora Vigilância Ltda pertence a Nelson Ribeiro Neves, que é sócio do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) na Manchester Serviços Ltda, empresa que também tem contrato com o Ministério da Agricultura. Eunício é o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, membro da Executiva Nacional do PMDB e tesoureiro do partido que indicou o ministro da Agricultura.

Segundo o ministério, foram apagadas as imagens mais antigas do circuito interno da sede da pasta em Brasília, que poderiam confirmar as denúncias feitas pelo ex-presidente da Comissão de Licitação Israel Batista sobre a ação do lobista. Júlio Fróes é apontado como influente dentro do ministério, distribuidor de propina e organizador clandestino de licitações na pasta.

As imagens mais recentes das dependências da sede da Agricultura, e que ainda não foram apagadas, serão encaminhadas à Polícia Federal. Em uma delas, conforme diz o próprio ministério, mostra Fróes chegando ao prédio pela entrada privativa.

Não há informações se nas imagens haveria um possível encontro de Fróes com o ex-ministro ou sua entrada nos gabinetes dele ou do ex-secretário executivo. Pelo relato de Batista à PF, Fróes entrava no prédio pela portaria privativa do ministro e seguia para os andares onde ficavam os gabinetes de Wagner Rossi e do ex-secretário executivo Milton Ortolan, que pediu demissão após a revista Veja vinculá-lo ao lobista.

Israel Batista disse desconfiar que as imagens do sistema de segurança podem ser editadas ou apagadas na tentativa de livrar o ex-ministro das denúncias de envolvimento com o lobista.

"As imagens são subordinadas ao ministro. Meu medo é que sejam cortadas essas imagens. O problema é esse", afirmou em entrevista ao Estado antes do anúncio da demissão de Rossi.

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