Título: Estatal vai redefinir datas com a PDVSA
Autor: Lima, Kelly ; Bahnemann, Wellington
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/08/2011, Economia, p. B8

Documento será firmado no próximo sábado, com novo cronograma para a[br]petroleira venezuelana na Refinaria Abreu e Lima

A ameaça da Petrobrás de afastar neste mês a petroleira venezuelana PDVSA da construção da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE), não se confirmará. No sábado, dirigentes das duas companhias assinarão uma carta-compromisso com um cronograma de responsabilidades para a concretização da parceria. No documento constarão novas datas, definidas ontem pelo diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, como "irrevogáveis".

Pelo entendimento inicial, a PDVSA teria até o último dia 15 para apresentar suas garantias ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável por parte do financiamento da obra.

Desde o ano passado, a Petrobrás vinha cobrando da companhia da Venezuela o início do pagamento de sua parte no negócio, orçada em 40%.

A alegação oficial da empresa brasileira para o ultimato era de que a PDVSA, sem as garantias, não teria como obter o financiamento do banco de fomento brasileiro. Portanto, não poderia confirmar a sociedade.

O diretor de Abastecimento qualificou o novo entendimento como "uma prorrogação". O documento a ser firmado depois de amanhã fixará o último dia de setembro para que a PDVSA apresente as garantias ao BNDES. Caso elas sejam aceitas, a empresa venezuelana terá até 30 de novembro para depositar o dinheiro.

Na hipótese de o BNDES rejeitar as garantias, a negociação estará encerrada em 30 de setembro, afirmou Costa. Segundo ele, neste caso, a Petrobrás assumirá sozinha a construção da refinaria pernambucana, que está 40% pronta. Para começar a obra, a empresa brasileira pegou R$ 9 bilhões no BNDES.

O diretor disse que a PDVSA terá que assumir 40% da dívida com o banco (R$ 3,6 bilhões) e mais 40% da quantia gasta até agora pela Petrobrás, acrescida do mesmo porcentual do que ainda gastará da segunda quinzena de agosto até o fim de novembro. Costa recusou-se a revelar quais são os valores.

Se houver o afastamento da sócia venezuelana, o dinheiro extra para a Petrobrás concluir a refinaria sairá do plano de negócios a ser divulgado no ano que vem referente ao período 2012-2016, anunciou o diretor.

A Abreu e Lima é prioritária no plano da Petrobrás de aumentar o refino até 2020. Pelo cálculo da empresa, caso não haja investimento em novas refinarias, naquele ano será preciso importar 40% da gasolina consumida no Brasil. Hoje, a importação é de 5%. "Seria uma tragédia ficarmos altamente dependentes do exterior", afirmou ele.

Além da Abreu e Lima, a Petrobrás tem três projetos de refinarias: Comperj (RJ), de 25% a 30% pronta; Premium 1 (MA), em terraplanagem; e Premium 2 (CE), em licenciamento. Costa falou que toda a produção das novas refinarias se destinará ao mercado interno, diante do aumento do consumo. A estatal exportará refinados apenas pontualmente, provenientes de unidades já em funcionamento.