Título: Petrobrás e São Martinho terão a maior usina de etanol do mundo
Autor: Magossi, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/08/2011, Negócios, p. B15

Nova Fronteira, joint venture entre as duas companhias, vai investir R$ 520,7 milhões para ampliar a capacidade de processamento da Usina Boa Vista, em Goiás, dos atuais 3 milhões para 8 milhões de toneladas de cana por ano

A Nova Fronteira, joint venture entre o Grupo São Martinho e a Petrobrás Biocombustível, vai investir R$ 520,7 milhões para transformar a Usina Boa Vista, localizada em Quirinópolis, Goiás, na maior produtora de etanol de cana-de-açúcar no mundo. O anúncio foi feito pelos presidentes da São Martinho, Fábio Venturelli, e da Petrobrás Biocombustível, Miguel Rossetto.

Segundo Venturelli, a expansão permitirá que a capacidade instalada de moagem de cana-de-açúcar saia dos atuais 3 milhões de toneladas para 8 milhões de toneladas em três anos, até a safra 2014/15. "A cana será toda revertida para a produção de 700 milhões de litros de etanol e 600 mil megawatt/hora de energia elétrica excedente", disse o executivo. O volume de etanol a ser produzido pela Boa Vista será equivalente à produção de oito usinas médias. Os investimentos realizados serão da ordem de US$ 70 por tonelada de cana.

Este será o primeiro investimento em produção de um novo ciclo de "retomada", depois que os recursos destinados à expansão de canaviais secaram após a crise de 2008, na opinião de Rossetto. Segundo ele, esse novo investimento é só o primeiro a ser realizado na Nova Fronteira com o objetivo de acabar com a atual crise de oferta de etanol.

"Estamos estudando novos investimentos na Nova Fronteira. Acreditamos na competência da São Martinho na gestão da produção de etanol e queremos contribuir para acabar com a agenda de crise e começar outra, de retomada no crescimento sustentável da produção", disse. Rossetto afirma que esses investimentos vão servir como um estímulo virtuoso para que novos aportes sejam feitos por outras empresas em etanol e também em infraestrutura, como, por exemplo, em logística.

A Usina Boa Vista está localizada de forma estratégica próxima ao alcoolduto que está sendo construído pela Logum (que tem participação tanto da Petrobrás como da São Martinho), e também da rodovia Norte-Sul e de hidrovias que estão sendo construídas pela Transpetro. "Poderemos escoar o etanol para os mercados consumidores do Sudeste, por meio do alcoolduto, ou até o Maranhão, via ferrovia, e, de lá, exportar o etanol ou levá-lo para os mercados das regiões Norte e Nordeste", afirma Venturelli.

Rossetto lembra que a própria oferta de 700 milhões de litros vai impulsionar os trabalhos do alcoolduto para que ele esteja pronto na safra 2014/15. "O etanol da Nova Fronteira será importante para que a Logum atualize seus investimentos na região e mantenha seu cronograma", disse.

Recursos, Do total de R$ 520,7 milhões, R$ 430,5 milhões serão investidos na parte industrial e R$ 90,2 milhões na parte agrícola. Nesse montante não estão incluídos os recursos para o plantio de cana. Venturelli pretende elevar a participação de fornecedores de cana da Nova Fronteira. "Atualmente, temos 20% de cana vindo de fornecedores e queremos elevar esse volume para até cerca de 40%", disse. Os recursos serão buscados no BNDES e a expectativa é de que o banco financie até 80% do projeto, com os outros 20% vindo dos sócios. O projeto também contará com benefício do governo de Goiás, por meio do programa Produzir.

O cronograma dos investimentos prevê o aporte de R$ 179,6 milhões na safra 2012/13, com a expansão da capacidade instalada da Boa Vista de atuais 3 milhões para 3,4 milhões de cana. Em 2013/14, serão investidos R$ 326,1 milhões, e a capacidade será expandida para 4 milhões de toneladas. Em 2014/15, serão realizados mais R$ 15 milhões para totalizar as 8 milhões de toneladas. A expectativa é criar 3 mil novos postos de trabalho diretos e indiretos na região de Quirinópolis até 2014/15.

Na safra atual, a Boa Vista deve moer 2,35 milhões de toneladas de cana e produzir 210 milhões de litros de etanol e 220 mil megawatts/hora de energia excedente. Essa energia já está vendida. O Grupo São Martinho possui o controle da Nova Fronteira, com 51% do capital, e a Petrobrás Biocombustível detém os 49% restantes.