Título: Tucanos vão à PGR por acerto Gleisi-Itaipu
Autor: Bresciani, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/08/2011, Nacional, p. A7

Partido estranha que, ao invés de sair, ministra pediu para ser demitida e levou R$ 145 mil

O PSDB fará uma representação na Procuradoria-Geral da República pedindo investigação sobre o acordo feito para a saída de Gleisi Hoffmann da diretoria financeira de Itaipu Binacional em 2006. Ela deixou o cargo para disputar uma vaga ao Senado, mas não foi "exonerada a pedido" e pôde receber, pelo menos, R$ 145 mil. O diretor da empresa, Jorge Samek, diz ter demitido Gleisi porque ela desejava voltar ao cargo após a campanha.

Reportagem do Estado mostrou que a ministra da Casa Civil fez acordo para ser demitida em vez da "exoneração a pedido". Com isso, pôde receber a multa de 40% sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), no valor de R$ 41 mil, além de sacar outros R$ 104 mil do fundo. A exoneração foi publicada no dia 29 de março no Diário Oficial, dois dias antes do prazo para a desincompatibilização. O dinheiro entrou na conta de Gleisi quando ela já era pré-candidata, mas sua assessoria nega que o recurso tenha sido investido para esse fim. A ministra também não quis explicar por que não pediu a exoneração.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), disse que o cargo de Gleisi na estatal reforça a suspeita sobre o caso. "Como diretora financeira, ela pagou a si própria. Isso precisa ser investigado." Além da representação no Ministério Público, os tucanos pedirão a convocação da ministra na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle.

Em entrevista à rádio CBN, o diretor-presidente da Itaipu, Jorge Samek, saiu em defesa de Gleisi. Afirmou ter sido dele a decisão de demiti-la. Segundo Samek, Gleisi queria voltar para Itaipu após a eleição e ele não concordava: "Então eu tomei a decisão: "você vai e eu vou exonerar você. Sai, levanta teu fundo de garantia e vai para tua campanha"".

Já o PPS protocolou pedido de informações à Secretaria de Aviação Civil da Presidência sobre vôos realizados pela aeronave King Air da empreiteira Sanches Tripoloni no período de 1.º de janeiro de 2010 a 31 de julho de 2011. Gleisi e Paulo Bernardo teriam usado esse avião na campanha.