Título: S&P eleva perspectiva para nota do Brasil
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/08/2011, Economia, p. B4

Revisão metodológica e solidez econômica levaram agência a melhorar a expectativa

Álvaro Campos A agência de classificação de risco de crédito Standard & Poor"s, a mesma que rebaixou a nota dos Estados Unidos três semanas atrás, revisou ontem a perspectiva para o rating do Brasil em moeda local para positiva, de estável. A perspectiva em moeda estrangeira foi mantida em positiva.

Isso significa que a nota brasileira, tanto para títulos do governo emitidos em reais quanto para papéis em dólar, pode ser elevada a qualquer momento. Em geral, essas agências fazem esse movimento em um período após a divulgação da mudança da perspectiva. O prazo pode variar de meses até um ano e meio.

O rating de longo prazo em moeda estrangeira foi reafirmado em BBB-. O rating de longo prazo em moeda local foi mantido em BBB+.

Segundo a S&P, a revisão da perspectiva se explica por uma mudança na metodologia. A agência lembra que revisou a perspectiva em moeda estrangeira de estável para positiva em maio, quando manteve a perspectiva estável em moeda local.

Segundo a S&P, de acordo com a nova metodologia para ratings soberanos, a diferença de dois graus entre os ratings em moeda local e estrangeira reflete o nível de independência operacional da política monetária, a amplitude do mercado de capital em moeda local e o regime de taxa de câmbio flutuante.

"Na nossa visão, esses fatores dão suporte à hipótese que um default (calote) nas dívidas em moeda local do Brasil permanece menos provável do que um default nas dívidas em moeda estrangeira", diz o comunicado divulgado pela agência.

A S&P também disse que a perspectiva reflete a crescente probabilidade de que os fatores que dão suporte à estabilidade macroeconômica do Brasil vão continuar a se fortalecer nos próximos anos, reduzindo gradualmente as pressões fiscais e a vulnerabilidade a choques externos.

O papel do PIB. De acordo com a S&P, as boas projeções de crescimento no longo prazo - combinadas com uma melhor liquidez externa e o crescimento nos mercados de capitais locais - pode impulsionar a capacidade do governo de lidar com mudanças adversas repentinas nas condições econômicas globais.

"Um contínuo compromisso em atingir as metas fiscais, juntamente com uma política monetária prudente, que contém as expectativas de inflação, pode gradualmente preparar o terreno para uma confiança maior dos investidores", afirmou o comunicado da S&P.

A agência cita como positiva a moderação no crescimento do crédito fornecido pelos bancos controlados pelo governo.

De outro lado, a agência observou que, caso o Brasil não consiga manter a inflação em níveis que preservem a credibilidade da política do Banco Central, ou a política fiscal seja afrouxada, ou ainda haja maior dependência dos empréstimos dos bancos estatais, isso pode prejudicar a recente melhora no pilares macroeconômicos do País.