Título: Dono da ilha confiscada se entrega à PF
Autor: Lima, Eliana
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/08/2011, Economia, p. B4

Paulo Sérgio Cavalcanti, conhecido como Paulinho Metanol, é apontado como o líder do esquema de sonegação de pelo menos R$ 1 bilhão

O empresário Paulo Sérgio Costa Pinto Cavalcanti, conhecido como Paulinho Metanol e proprietário da Sasil Comercial e Industrial de Petroquímicos Ltda. - acusado de encabeçar o esquema de fraude fiscal que deflagrou a Operação Alquimia - se entregou ontem à Polícia Federal. Ele desembarcava de uma viagem de negócios à Espanha.

Paulo Sérgio foi preso porque havia um mandado de prisão expedido contra ele pela Justiça Federal. O empresário já era considerado foragido. De acordo com o inquérito, a família de Paulo Sérgio integra a cúpula do esquema de sonegação, que utilizava empresas de fachada para sonegação de impostos.

Ele estava fora do País quando foi deflagrada a Operação Alquimia, que resultou na prisão de pelo menos 18 pessoas - entre elas um irmão e sócio do empresário, Ismael César Cavalcanti Neto.

Outros familiares de Paulo Sérgio são apontados com ele como líderes do esquema. Além dele e do irmão e sócio, também são investigados o filho de Paulo, Sérgio França Cavalcanti; a ex-mulher do empresário, Anita Maria França Cavalcanti; a esposa de Ismael, Maria Aparecida de Morais; e a matriarca da família, Aldair Montenegro Costa, mãe dos empresários.

No domingo, a Polícia Federal conseguiu na Justiça o prolongamento da prisão temporária de Ismael César, proprietário da Triflex Industrial e Comercial Termoplásticos, da Acqua Service Produtos Químicos e da Rodstar Transportes Rodoviários, entre outras empresas - todas apontadas como beneficiárias do esquema de sonegação.

Durante a operação, foi confiscada uma ilha de 20 mil metros quadrados na Baía de Todos os Santos, avaliada em R$ 15 milhões, cujo proprietário seria Paulo Sérgio Costa Pinto Cavalcanti. Lá foram encontrados pela Polícia Federal 2,4 quilos em barras de ouro e barras de prata, armas, quadriciclos e barco à vela, entre outros objetos de luxo.

Laranjas. A Operação Alquimia desbaratou uma quadrilha responsável pelo que é considerado uma das maiores fraudes tributárias já descobertas no País. O rombo aos cofres públicos é estimado em pelo menos R$ 1 bilhão apenas em impostos federais.

O golpe envolvia cerca de 300 empresas, parte delas "laranjas", principalmente do setor de produtos químicos. Além da ilha, foram confiscados pela Polícia Federal várias aeronaves, lanchas, carros de luxo e imóveis residenciais e industriais.

A operação foi realizada na quarta-feira, 17 de agosto, em 17 Estados e no Distrito Federal, com a participação de 650 agentes da PF, além de auditores da Receita Federal. Na manhã da quarta-feira, as equipes já haviam executado 23 dos 31 mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal, além de 129 mandados de busca e apreensão e o sequestro de bens de 62 pessoas físicas e 195 empresas, além de 42 dos 63 mandados de condução coercitiva (para prestar depoimento). Todos os mandados foram expedidos pela Justiça Federal em Juiz de Fora, na zona da mata mineira.