Título: Opositores líbios têm elos com Al-Qaeda, diz jornal
Autor: Sant?Anna, Lourival
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/08/2011, Internacional, p. A14

Jornais europeus e árabes noticiaram ontem que muitos comandantes rebeldes da Líbia têm relações com a Al-Qaeda. As informações, com base em supostos dados de inteligência de países da União Europeia, criou um mal-estar entre os governos que ajudaram, direta ou indiretamente, a derrubar o ditador Muamar Kadafi.

Segundo as revelações, Abdelhakim Belhaj, um dos chefes militares dos rebeldes e hoje governador de facto de Trípoli, foi um jihadista. Ele até já teria sido preso pelo serviço secreto americano, há pouco mais de sete anos, por suas atividades terroristas.

Belhaj, que é conhecido pela CIA como Abou Abdallah al-Sadek, liderava, antes dos ataques de 11 de Setembro, o Grupo Islamista Combatente Líbio (GICL), que tinha dois campos de treinamento no Afeganistão do Taleban.

Segundo o jornal francês Libération, a inteligência da França atesta que o rebelde foi detido pela CIA, em 2003, "na Ásia" e enviado para uma das prisões secretas mantidas pelo governo americano na guerra ao terror.

Anos depois, quando Kadafi oficialmente renunciou ao terrorismo, a CIA entregou Belhaj ao regime líbio, que o teria mantido preso. Durante esse período, a ditadura na Líbia confirmou que ele e outros jihadistas teriam desistido da guerra santa. Em 2010, Saif al-Islam, filho do coronel, teria mandado libertar Belhaj.

Ao jornal francês La Croix, o pesquisador Kader Abderrahim questiona se essa renuncia à jihad de fato ocorreu. "Foram encontrados líbios do GICL em todas as células da Al-Qaeda", disse Abderrahim. Ele lembrou ainda que o grupo esteve ativo no Iraque durante a invasão americana.

O alerta sobre comandantes líbios ligados à Al-Qaeda também foi feito pelo rei saudita, Abdullah bin Abdelaziz al-Saud, em um recente encontro com o presidente do Senegal, Abdoulayé Wade. "Precisamos ter muito cuidado com o Conselho Nacional de Transição da Líbia", teria dito o rei, segundo a imprensa europeia. "Ele está infiltrado pela Al-Qaeda."