Título: Metalúrgicos ganham 10% de reajuste
Autor: Magnabosco, André
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/08/2011, Economia, p. B1

Acordo com montadoras garante aumento real de 2,5% neste ano e no próximo; salários em alta devem continuar a pressionar inflação

Os metalúrgicos do ABC paulista, além dos de Taubaté e São Carlos, aprovaram ontem acordo salarial com as montadoras no qual ficou definido um aumento real para 2011 e 2012. O acerto negociado na última madrugada e votado em assembleia na manhã de ontem prevê reajuste dos salários de 10% neste ano, a partir de 1.º de setembro.

O valor considera a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) até a data-base da categoria, de 7,26%, e um aumento real de 2,55%. O novo piso salarial da categoria foi definido em R$ 1.500. Para quem ganha mais de R$ 8.400,00 por mês, o salário terá um reajuste fixo de R$ 840,00.

Para analistas, ganhos reais de renda obtidos nas negociações vão impedir que o IPCA (inflação oficial) recue aos 4,5%, centro da meta. É que os reajustes devem puxar o consumo, o que deve elevar o custo de vida no varejo até o final do ano.

Na negociação dos metalúrgicos, ficou acertado para 2012 a aplicação de um aumento real de 2,39% mais a variação da inflação no período. No ABC, o acordo beneficiará 36 mil trabalhadores das montadoras Volkswagen, Ford, Mercedes-Benz, Scania e Toyota. Essas condições também devem ser levadas às negociações por outras categorias, incluindo a de trabalhadores de empresas de autopeças e fundição da região do ABC. São, ao todo, 108 mil metalúrgicos que trabalham na região.

O acordo, além do aumento real de 5% dividido em dois anos, inclui abono de R$ 2.500,00 em 2011 e em 2012 (este, corrigido pela inflação) e ampliação da licença-maternidade de 120 dias para 180 dias.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, destacou o avanço das negociações - os trabalhadores haviam recusado proposta anterior da classe patronal que previa aumento de 8,6%. Além do porcentual mais elevado, a definição de um aumento real para dois anos reduz as preocupações dos trabalhadores em um momento de incertezas em relação à economia mundial, disse o sindicalista.

Concluída a negociação, os metalúrgicos vão agora participar da discussão de novos investimentos nas fábricas e exigir que as montadoras que estão chegando agora - como a chinesa Chery - sejam obrigadas a utilizar um porcentual de peças da indústria nacional, além de salários compatíveis com a realidade da categoria. "Não vamos deixar que as coisas se nivelem por baixo", afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Isaac do Carmo.

General Motors. Em São José dos Campos, os trabalhadores da General Motors realizam hoje uma reunião, às 16h, para avaliar e planejar a estratégia de reação à proposta de "zero" de aumento feita pela empresa, que também quer retirar a garantia de emprego para os trabalhadores acidentados. /COLABOROU JOÃO CARLOS DE FARIA