Título: Imprensa internacional também alerta para as pressões políticas
Autor: Portela, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/09/2011, Economia, p. B4

A decisão do Banco Central do Brasil de reduzir em meio ponto porcentual a taxa básica de juros (Selic) - quando especialistas esperavam manutenção ou mesmo elevação - virou assunto em três das mais influentes publicações de economia do mundo, a saber, a revista britânica The Economist, o jornal também do Reino Unido Financial Times e o diário americano The Wall Street Journal. Em comum, os três textos levantam a possibilidade de o Banco Central ter sofrido ingerência de outras áreas do governo.

A Economist desta semana publica uma análise segundo a qual a decisão do BC marca uma mudança de direção na política econômica do governo. Durante anos, o Brasil ficou com um pé no freio (juros altos definidos pelo BC) e outro no acelerador (gastos públicos em alta), segundo a revista, que toma essa opinião emprestada de um analista do BNP Paribas.

A atual decisão do BC, de baixar os juros logo depois de o governo definir um aperto da política fiscal, inverte essa ordem, na opinião da Economist. De uma situação de política fiscal frouxa e política monetária ortodoxa, o Brasil ensaia uma fase de aperto fiscal e relaxamento monetário.

O Financial Times, mesmo já tendo publicado um editorial sobre o Brasil na quarta-feira, colocou em seu site ontem uma análise que deve ser publicada na coluna Lex da versão impressa de hoje. O diário afirma que a decisão do Banco Central brasileiro inspira "admiração , medo e ciúme".

A reportagem do Wall Street Journal afirma que o corte de 0,5 ponto na Selic pode ser o início de uma "ampla campanha para conter os efeitos da crise internacional".