Título: IBGE terá chefia de uma mulher pela primeira vez
Autor: Amorim, Daniela ; Tereza, Irany
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/09/2011, Economia, p. B8

Ainda sem data para assumir o cargo, a economista Wasmália Bivar, atual diretora de Pesquisas da instituição, vai substituir Eduardo Pereira Nunes

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) será comandado por uma mulher, pela primeira vez em sua história. O presidente do instituto, Eduardo Pereira Nunes, comunicou oficialmente ontem sua saída. A escolhida para substitui-lo é Wasmália Bivar, diretora de Pesquisas da instituição.

Nunes ficou por oito anos e meio na presidência do IBGE e tem 31 anos de carreira no instituto. O IBGE não informou o motivo da saída do presidente, mas foi uma decisão do Ministério do Planejamento, pasta à qual o instituto é vinculado. Durante uma coletiva para divulgação do Índice de Preços ao Produtor (IPP), a Assessoria de Imprensa informou que ainda não há data definida para a posse de Wasmália.

Eduardo Nunes foi informado sobre sua substituição na quarta-feira, dia em que participaria, às 10 horas, da divulgação da pesquisa Estatísticas do Empreendedorismo, como informava o material de divulgação distribuído à imprensa. Ele desistiu de participar da entrevista e comunicou a alguns funcionários que deixaria o cargo.

No dia seguinte, aproveitando outra coletiva de imprensa, a informação foi tornada pública, mas a assessoria de Eduardo Nunes disse que ele não falaria sobre o assunto. Também Wasmália recusou-se a dar entrevistas até que a sua nomeação seja efetivada no Diário Oficial.

Hoje, dia da divulgação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do País, a mais importante pesquisa conjuntural do IBGE, o instituto permanecerá em regime de transição.

Carreira. Eduardo Nunes foi o primeiro presidente a sair diretamente dos quadros do IBGE. Antes, eram escolhidos economistas de renome para o cargo, mas sem vinculação anterior com o instituto. Ele atravessou as duas gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e, em 2007, negociou pessoalmente com o então ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a alteração na Portaria 167, de 5 de setembro de 2003, que determinava o envio dos dados das pesquisas ao ministério com 24 horas de antecedência à divulgação ao público.

Na época, Nunes defendeu a necessidade de encurtar o intervalo entre o envio de informações e a sua divulgação pública, sob o argumento de que o prazo de 24 horas, que começou a vigorar na primeira gestão de Lula, representava um período muito longo. "Não achamos adequado tanto intervalo de tempo entre a hora da divulgação e a precedência do envio ao ministério", disse, na ocasião.

Em novembro daquele ano, após especulações no mercado financeiro sobre suposto vazamento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo de setembro, o governo decidiu que o IBGE repassaria com só duas horas de antecedência ao Ministério do Planejamento e outras autoridades o resultado das pesquisas sobre os indicadores conjunturais. Assim é até agora.

Wasmália Socorro Barata Bivar, que substituirá Eduardo Nunes na presidência, é natural de Manaus e nasceu em 28 de novembro de 1959. A economista tomou posse como diretora de Pesquisas em 2 de abril de 2004, mas começou a trabalhar no IBGE como técnica da Coordenação de Indústria, em 1986.

Declaração feita em 2007

EDUARDO NUNES EX-PRESIDENTE DO IBGE

"Não achamos adequado tanto intervalo de tempo entre a hora da divulgação e a precedência do envio ao Ministério."